sábado, 16 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 22ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA

ESTUDOS E DISSERTAÇÕES EM TORNO DA OBRA

“O CÉU E O INFERNO”

De ALLAN KARDEC

Ditado pelo Espírito EMMANUEL

62 - ESPÍRITOS DIANTE DA MORTE

Toda religião procura confortar os homens, ante a esfinge da morte.

A Doutrina Espírita não apenas consola, mas também alumia o raciocínio dos que indagam e choram na grande separação.

Toda religião admite a sobrevivência.

A Doutrina Espírita não apenas patenteia a imortalidade da vida, mas também demonstra o continuísmo da evolução do ser, em esferas diferentes da Terra.

Toda religião afirma que o mal será punido, para lá do sepulcro.

A Doutrina Espírita não apenas informa que todo delito exige resgate, mas também destaca que o inferno é o remorso, na consciência culpada, cujo sofrimento cessa com a necessária e justa reparação.

Toda religião ensina que a alma será expurgada de todo o erro, em regiões inferiores.

A Doutrina Espírita não apenas explica que a alma, depois da morte, se vê mergulhada nos resultados das próprias ações infelizes, mas também esclarece que, na maioria dos casos, a estação terminal do purgatório é mesmo a Terra, onde reencontramos as conseqüências de nossas faltas, a fim de extingui-las, através da reencarnação.

Toda religião fala do Céu, como sendo estância de alegria perene.

A Doutrina Espírita não apenas mostra que o Céu existe, por felicidade suprema no Espírito que sublimou a si mesmo, mas também elucida que os heróis da virtude não se imobilizam em paraísos estanques, e que, por mais elevados, na hierarquia moral, volvem a socorrer os irmãos da humanidade ainda situados na sombra.

Toda religião encarece o amparo da Providência Divina às almas necessitadas. A Doutrina Espírita não apenas confirma que o Amor infinito de Deus abraça todas as criaturas, mas também adverte que todos receberemos, individualmente, aqui ou além, de acordo com as nossas próprias obras.

Os espíritas, pois, realmente não podem temer a morte que lhes sobrevém, na pauta dos desígnios superiores.

Para todos nós, a desencarnação em atendimento às ordenações da vida maior é o termo de mais um dia de trabalho santificante, para que se ponham, de novo, a caminho do alvorecer.

63 - FOGO MENTAL


Fogo íntimo!... As consciências insensibilizadas no crime só lhe sentem as chamas quando as entranhas do espírito se lhe contorcem ao peso; todavia, basta ligeira falta cometida para que as almas retas lhe sofram as labaredas...

Figura-se látego mortífero, em agitação permanente, conquanto retido no coração, imobilizando o pensamento no desespero.

Agrava-nos a inferioridade, devora-nos o tempo, dilapida-nos a esperança, consome-nos as forças.

É como se, depois de atacar alguém, viéssemos a tombar no recesso de nós mesmos, confundidos pelas pancadas que desferimos nos outros...

O remorso é esse fogo mental, diluindo a existência em suplício invisível.

Foge, assim, de ofender, pois, embora o perdão se erija qual remédio eficaz, na Misericórdia Divina, para as doenças que levianamente criamos, é da própria Lei que, aos ferirmos alguém, caiamos, por nossa vez, inevitavelmente entregues aos resultados de nossos golpes, a fim de que sejamos também feridos.

64 - JORNADA ACIMA


Ergue a flama da fé na imortalidade, e caminha!

Os que desertaram da confiança gritar-te-ão impropérios, entrincheirados na irresponsabilidade que lhes serve de esconderijo.

Demagogos do desânimo, dirão, apressados, que o mundo nunca se desvencilhará da lei de Caim; que os tigres da inteligência continuarão devorando os cordeiros do trabalho; que a mentira, na História, prosseguirá entronizando criminosos na galeria dos mártires; que a perfídia se anteporá, indefinidamente, à virtude; que a mocidade é carne para canhões e prostíbulos; que as mães amamentam para o sepulcro; que as religiões são fábulas piedosas para consumo de analfabetos; que as tenazes da guerra te constringirão a cabeça, sufocando-te a voz no silêncio do horror...

Tentarão, decerto, envolver-te na nuvem do pessimismo, induzindo-te a esquecer o presente e o futuro, na taça de tranqüilidade e prazer em que anestesiam o pensamento.

Contudo, reflete levemente e perceberás que os trânsfugas do dever, acolhidos à negação e infantilizados no medo, simplesmente desfrutam a paz dos entrevados e a alegria dos loucos.

Ora por eles, nossos irmãos que ainda não amadureceram o entendimento para a altura da vida, e segue adiante.

Na escuridão mais espessa, acende a chama da prece e, onde todos se sentirem desalentados, fala, sem revolta, a palavra de esperança que desenregele os corações mumificados no desconsolo. Um gesto de bondade sobre a agonia de alguém que oscila, à beira do abismo, e uma gota de bálsamo espremida com amor numa ferida que sangra bastam, muitas vezes, para renovar multidões inteiras.

Sobretudo, nos mais aflitivos transes da provação, não percas a paciência.

Não consegues emendar os companheiros desarvorados, mas podes restaurar a ti mesmo.

Embora contemplando assaltos e violências, ruínas e escombros, avança jornada acima, apagando o mal e fazendo o bem.

Criatura alguma, na Terra, escapará da grandeza fatal da justiça e da morte; no entanto, sabemos todos que a justiça, por mais dura e terrível, é sempre a resposta da Lei às nossas próprias obras e que a morte, por mais triste e desconcertante, é sempre o toque de ressurgir.

CONTINUA AMANHÃ

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