sexta-feira, 15 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 21ª PARTE


FRANCISCO CANDIDO XAVIER


JUSTIÇA DIVINA

ESTUDOS E DISSERTAÇÕES EM TORNO DA OBRA

“O CÉU E O INFERNO”

De ALLAN KARDEC

Ditado pelo Espírito EMMANUEL

59 - NÓS TODOS

Espíritos imperfeitos!

No círculo das paixões que se agitam na Terra, somos nós todos.

Abriste a outrem o túnel da paciência e não te furtaste ao desespero, quando o tempo te trouxe o dia da prova.

Receitaste heroísmo ao companheiro dilacerado e acolheste a revolta, quando te beliscaram a pele.

Pregaste desinteresse aos que ajuntaram alguns vinténs e esqueceste os necessitados, quando a fortuna te procurou.

Estranhaste o procedimento culposo dos vizinhos e resvalaste em mais baixo nível, na hora da tentação.

Por isso mesmo, qual nos acontece, ao toque da verdade, tens a luz da esperança na dor da insatisfação.

No entanto, apesar dos mais duros conflitos de consciência, prossegue indicando o bem.

Exercício na escola é base do ensino.

Aluno desanimado perde a lição.

Fazendo luz para os outros, acabamos medindo a sombra que nos é própria.

Não admitas que nós, os amigos desencarnados, estejamos como quem fala de palanque blindado, à praça indefesa.

Obreiros da mesma obra, servimos em duas frentes.

Choras pelos que viste partir.

Choramos nós pelos que ficaram.

Trabalhamos por ti, a cujo passo recorreremos em nova reencarnação.

Trabalhas por nós, que seremos teus filhos.

Imperioso purificar-nos para o vôo supremo aos mundos felizes.

Tanto aí quanto aqui, é preciso aprender, sofrendo, e subir, resgatando.

Assim pois, diante do irmão caído no mal, compadece-te dele e ensina o bem, mesmo que o mal ainda te ensombre.

A compaixão mostra o caminho da caridade e, sem caridade uns para com os outros, não há segurança para ninguém.

60 - DESENCARNADOS EM TREVAS

Insulados no remorso...

Detidos em amargas recordações...

Jungidos à trama dos próprios pensamentos atormentados...

Eram donos de palácios soberbos e sentem-se aferrolhados no estreito espaço do túmulo.

Mostravam-se insensíveis, nos galarins do poder, e derramam o pranto horizontal dos caídos.

Amontoavam haveres e agarram-se, agora, aos panos do esquife.

Possuíam rebanhos e pradarias e jazem num fosso de poucos palmos.

Despejavam fardos de dor nos ombros sangrentos dos semelhantes, e suportam, chorando, os mármores do sepulcro, a lhes partirem os ossos.

Estadeavam ciência inútil e tremem perante o desconhecido.

Devoravam prazeres e gemem a sós.

Exibiam títulos destacados e soluçam no chão.

Brilhavam em salões engrinaldados de fantasias e arrastam-se, estremunhados, ante as sombras da cova.

Oprimiam os fracos e não sabem fugir à gula dos vermes.

Eram campeões da beleza física, e procuram, debalde, esconder-se nas próprias cinzas.

Repoltreavam-se em redes de ouro, e estiram-se, atarantados, entre caixas de pó.

Emitiam discursos brilhantes e gaguejam agora.

Deitavam sapiência e estão loucos.

Nada disso, porém, acontece porque algo possuíssem, mas sim porque foram possuídos de paixões desregradas.

Não se perturbam porque algo tiveram, mas sim porque retiveram isso ou aquilo, sem ajudar a ninguém.

Se podes verificar a tortura dos desencarnados em trevas, aproveita a lição.

Não sofrerás pelo que tens, nem pelo que és.

Todos colheremos o fruto dos próprios atos, no que temos e somos.

Onde estiveres, pois, faze o bem que puderes, sem apego a ti mesmo.

Escuta o companheiro que torna do Além, aflito e desorientado, e aprenderás, em silêncio, que todo egoísmo gera o culto da morte.

61 - CÉU E INFERNO

Em matéria de prêmio e castigo, a se definirem por céu e inferno, suponhamo-nos à frente de um pai amoroso, mas justo, dividindo a sua propriedade entre os filhos, aos quais se associa, abnegado, para que todos eles prestigiem e cresçam, de maneira a lhe desfrutarem os bens totais. O genitor compassivo e reto concede aos filhos, em regime de gratuidade, todos os recursos da fazenda Divina:

a vestimenta do corpo;
a energia vital;
a terra fecunda;
o ar nutriente;
a defesa do monte;
o refúgio do vale;
as águas circulantes;
as fontes suspensas;
a submissão dos vários reinos da natureza;
a organização da família;
os fundamentos do lar;
a proteção das leis;
os tesouros da escola;
a luz do raciocínio;
as riquezas do sentimento;
os prodígios da afeição;
os valores da experiência;
a possibilidade de servir...

Os filhos recebem tudo isso, mecanicamente, sem que se lhes reclame esforço algum, e o pai apenas lhes pede para que se aprimorem, pelo dever nobremente cumprido, e se consagrem ao bem de todos, através do trabalho que lhes valorizará o tempo e a vida.

Nessa imagem, simples embora, encontramos alguma notícia da magnanimidade do Criador para nós outros, as criaturas.

Fácil, assim, perceber que, com tantos favores, concessões e doações, facilidades e vantagens, entremeados de bênçãos, suprimentos, auxílios, empréstimos e moratórias, o céu começará sempre em nós mesmos e o inferno tem o tamanho da rebeldia de cada um.

CONTINUAS AMANHÃ

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