sábado, 9 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 15ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA

Estudos e dissertações em torno da obra

“O CÉU E O INFERNO”

De ALLAN KARDEC

Ditado pelo Espírito EMMANUEL

41 - BEM DE TODOS

Todos os bens fundamentais da existência fluem, generosos, da natureza, a benefício de todas as criaturas.

A luz que se derrama do firmamento não é patrimônio particular.

As correntes aéreas são agentes alimentícios inesgotáveis.

Mares amigos banham todos os continentes.

Correm fontes em todas as direções.

Surgem plantas para todos os climas.

E, no próprio corpo, o sangue há de circular, incessante, para que a inteligência possa viver.

Não retenhas, assim, os valores que entesouraste.

Não desconheces que o pão excessivo é o prato do vizinho em necessidade.

Entretanto, há diferentes recursos por dividir.

Ladeando mesas fartas, há corações semi sufocados no desespero.

Por trás dos gestos que te golpeiam, há tramas obscuras de obsessão.

Na retaguarda dos crimes que te revoltam, há influências que não desvelas, de pronto.

Quem errou sofre estorvos que te escapam à senda.

Quem calunia ou persegue ignora o que sabes.

Descerra as portas do coração para compreender e servir, repartindo os bens que ajuntaste no espírito.

A felicidade, para ser verdadeira, deve ser partilhada.

O ouro, nas mãos de um só homem, é moldura da sovinice, mas passando para outras mãos é trabalho e beneficência.

O conhecimento isolado é lâmpada sem proveito; contudo, transitando, de cérebro a cérebro, é ciência e cultura.

Entre as sombras dos que reclamam e azedam, malquistam e ferem, sê a luz que abençoa sempre.

“Faze ao outro o que desejas seja feito pelo outro a ti próprio” – diz a Lei.

Isso quer dizer que alguém, para ser feliz, precisa ajudar alguém.

Felicidade, no fundo, é bondade crescente, para que a alegria se faça maior. E, sem dúvida, todos nós podemos dividir parcelas de bondade e alegria, mas a multiplicação vem dos outros.


42 - DESLIGAMENTO DO MAL


As penas futuras segundo o Espiritismo

Antes da reencarnação, no balanço das responsabilidades que lhe competem, a mente, acordada perante a Lei, não se vê apenas defrontada pelos resultados das próprias culpas.

Reconhece, também, o imperativo de libertar-se dos compromissos assumidos com os sindicatos das trevas.

Para isso partilha estudos e planos referentes à estrutura do novo corpo físico que lhe servirá por degrau decisivo no reajuste, e coopera, quanto possível, para que seja ele talhado à feição de câmara corretiva, na qual se regenere e, ao mesmo tempo, se isole das sugestões infelizes, capazes de lhe arruinarem os bons propósitos.

Patronos da guerra e da desordem, que esbulhavam a confiança do povo, escolhem o próprio encarceramento da idiotia, em que se façam despercebidos pelos antigos comparsas das orgias de sangue e loucura, por eles mesmos transformados em lobos inteligentes;
tribunos ardilosos da opressão e caluniadores empeçonhados pela malícia pedem o martírio silencioso dos surdos-mudos, em que se desliguem, pouco a pouco, dos especuladores do crime, a cujo magnetismo degradante se rendiam, inconscientes;
cantores e bailarinos de prol, imanizados a organizações corrompidas, suplicam empeços na garganta ou pernas cambaias, a fim de não mais caírem sob o fascínio dos empreiteiros da delinqüência;

Espiões que teceram intrigas de morte e artistas que envileceram as energias do amor, imploram olhos cegos e estreiteza de raciocínio, receosos de voltar ao convívio dos malfeitores que um dia elegeram por associados e irmãos de luta mais íntima;

Criaturas insensatas, que não vacilavam em fazer a infelicidade dos outros, solicitam nervos paralíticos ou troncos mutilados, que os afastem dos quadrilheiros da sombra, com os quais cultivavam rebeldia e ingratidão;

Homens e mulheres, que se brutalizaram no vício, rogam a frustração genésica e, ainda, o suplício da epiderme deformada ou purulenta, que provoquem repugnância e conseqüente desinteresse dos vampiros, em cujos fluidos aviltados e vômitos repelentes se compraziam nos prazeres inferiores.

Se alguma enfermidade irreversível te assinala a veste física, não percas a paciência e aguarda o futuro. E se trazes alguém contigo, portando essa ou aquela inibição, ajuda esse alguém a aceitar semelhante dificuldade, como sendo a luz de uma bênção.

Para todos nós, que temos errado infinitamente, no caminho longo dos séculos, chega sempre um minuto em que suspiramos, ansiosos, pela mudança de vida, fatigados de nossas próprias obsessões.

43 - CORRIGIR E PAGAR


Cada hora, no relógio terrestre, é um passo de tempo, impelindo-te às provas de que necessitas para a sublimação do teu destino.

Exclamas no momento amargoso: “Dia terrível!”.

Esse, porém, é o minuto em que podes revelar a tua grandeza.

À frente da família atribulada, costumas dizer: “O parente é uma cruz”.

Tens, contudo, no lar, o cadinho que te aprimora.

Censurando o companheiro que desertou, repetes, veemente: “Nem quero vê-lo”.

No entanto, esse é o amigo que te instrui nos preceitos do silêncio e da tolerância.

Lembrando o recinto, em que alguém te apontou o caminho das tuas obrigações, asseveras em desconsolo: “Ali, não ponho mais os pés”.

Todavia, esse é o lugar justo para a humildade que ensinas.

Quando as circunstâncias te levam à presença daqueles mesmos que te feriram, foges anunciando: “Não tenho forças”.

Entretanto, essa é a luminosa oportunidade de pacificação que a vida te oferta.

Se sucumbes às tentações, alegas, renegando o dever: “Seja virtuoso quem possa”.

Mas esse é o instante capaz de outorgar-te os louros da resistência.

Toda conquista na evolução é problema natural de trabalho, porque todo progresso tem preço; no entanto, o problema crucial que o tempo te impõe é debito do passado, que a Lei te apresenta à cobrança.

Retifiquemos a estrada, corrigindo a nós mesmos.

Resgatemos nossas dívidas, ajudando e servindo sem distinção.

Tarefa adiada é luta maior e toda atitude negativa, hoje, diante do mal, será juro de mora no mal de amanhã.

CONTINUA AMANHÃ

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