quinta-feira, 7 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 13ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA

Estudos e dissertações em torno da obra

“O CÉU E O INFERNO”
De
ALLAN KARDEC

Ditado pelo Espírito EMMANUEL


35 - PALAVRAS DE ESPERANÇA

Se não admites a sobrevivência após a morte, interroga aqueles que viram partir os entes mais caros.

Inquire os que afagaram as mãos geladas de pais afetuosos, nos últimos instantes do corpo físico; sonda a opinião das viúvas que abraçaram os esposos, na longa despedida, derramando as agonias do coração, no silêncio das lágrimas; informa-te com os homens sensíveis que sustentaram nos braços as companheiras emudecidas, tentando, em vão, renovar-lhes o hálito na hora extrema; procura a palavra das mães que fecharam os olhos dos próprios filhos, tombados inertes, nas primaveras da juventude ou nos brincos da infância... Pergunta aos que carregaram um esquife, como quem sepulta sonhos e aspirações no gelo do desalento, e indaga dos que choram sozinhos, junto às cinzas de um túmulo, perguntando por que...

Eles sabem, por intuição, que os mortos vivem, e reconhecem que, apenas por amor deles, continuam igualmente a viver.

Sentem-lhes a presença, no caminho solitário em que jornadeiam, escutam-lhes a voz inarticulada com os ouvidos do pensamento e prosseguem lutando e trabalhando simplesmente por esperarem os supremos regozijos do reencontro.

Se um dia tiveres fome de maior esperança, não temas, assim, rogar a inspiração e assistência dos corações amados que te precederam na grande viagem. Estarão contigo, a sustentar-te as energias, nas tarefas humanas, quais estrelas no céu noturno da saudade, a fim de que saibas aguardar, pacientemente, as luzes da alva.

Busca-lhes o clarão do amor, nas asas da prece, e, se nos templos veneráveis do Cristianismo, alguém te fala de Moisés, reprimindo as invocações abusivas de um povo desesperado, lembra-te de Jesus, ao regressar do sepulcro para a intimidade dos amigos desfalecentes, exclamando, em transportes de júbilo: “A paz esteja convosco.”

36 - LEI DO MÉRITO


Se presumes que Deus cria seres privilegiados para incensar-lhe a grandeza, pensa na justiça, antes da adoração.

Para isso, basta lembrar as circunstâncias constrangedoras em que desencarnaram quase todos os grandes vultos das ciências, das religiões e das artes, que marcaram as idéias do mundo, nas linhas da emoção e da inteligência.

Dante, exilado.

Leonardo da Vinci, semiparalítico.

Colombo, em desvalimento.

Fernão de Magalhães, trucidado.

Galileu, escarnecido.

Behring, faminto.

Lutero, perseguido.

Calvino, endividado.

Vicente de Paulo, paupérrimo.

Spinoza, indigente.

Milton, privado da visão.

Lavoisier, guilhotinado.

Beethoven, surdo.

Mozart, em penúria extrema.

Braille, tuberculoso.

Lincoln, assassinado.

Joule, inválido.

Curie, esmagado sob as rodas de um carro.

Lilienthal, num desastre de aviação.

Pavlov, cego.

Gandhi, varado a tiros.

Gabriela Mistral, cancerosa.

E se gênios da altura de Hugo e Pasteur, Edison e Einstein, partiram da Terra menos dolorosamente, é forçoso reconhecer que passaram, entre os homens, também sofrendo e lutando, junto à bigorna do trabalho constante.

Cada consciência é filha das próprias obras.

Cada conquista é serviço de cada um.

Deus não tem prerrogativas ou exceções.

Toda glória tem preço.

É a lei do mérito, da qual ninguém escapa.

37 - APRENDER E REFAZER REUNIÃO - 1ª PARTE, CAP. IX. ÍTEM 21


Todos os Espíritos desencarnados, que se atrasam em pesadelos da revolta, acordam, um dia.

Surge-lhes o arrependimento, no âmago do ser, em lágrimas jubilosas, quais se fossem prisioneiros repentinamente libertos.

Derruída a masmorra de trevas em que jaziam encadeados, respiram, enfim, a grande emancipação, junto dos amigos que lhes estendem os braços. Observam, porém, a sombra que ainda carregam, contrastando com a luz em que se banham, transfigurados, e que suspiram por merecer; sentem-se, aí, na condição de pássaros mutilados, a reconhecerem o valor da experiência física em que lhes cabe refazer as próprias asas, e volvem, ansiosos, à procura do antigo ninho de serviço e de amor, que os alente e restaure. Quase sempre, contudo, ensejos passaram, paisagens queridas alteraram-se totalmente, facilidades sumiram e afetos abandonados evoluíram noutros rumos...

Ainda assim, é necessário lutar na conquista do recomeço.

Personalidades do poder transitório, que abusaram do povo, assistem às privações das classes humildes, verificando o martírio silencioso dos que se levantam cada dia, para a contemplação da própria miséria; avarentos que rolaram no ouro regressam às paredes amoedadas dos descendentes, acompanhando os mendigos que lhes recorrem à caridade, anotando quanto dói suplicar migalha a corações petrificados no orgulho; escritores que se faziam especialistas da calúnia ou do escândalo tornam à presença dos seus próprios leitores, examinando os entorpecentes e corrosivos mentais que segregavam, impunes; pais e mães displicentes ou desumanos voltam ao reduto doméstico dos rebentos desorientados, considerando as raízes da viciação ou da crueldade, plantadas por eles mesmos; malfeitores, que caíram na delinqüência, socorrem as vítimas de criminosos vulgares, avaliando os processos de sofrimento com que supliciavam a carne e a alma dos semelhantes...

Mas isso não basta.

Depois do aprendizado, é preciso retomar o campo de ação, renascer e ressarcir, progredir e aprimorar, solvendo débito por débito perante a Lei.

Companheiro do mundo, se o conhecimento da reencarnação já te felicita, sabes que a existência na Terra é preciosa bolsa de trabalho e de estudo, com amplos recursos de pagamento.

Assim pois, seja qual seja a provação que te assinala o caminho, sofre, amando, e agradece a Deus.

CONTINUA AMANHÃ

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