sábado, 2 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 8ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA


Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec

Ditado pelo Espírito EMMANUEL


20 - MISSÕES

Aspiras à posição dos grandes administradores; entretanto, não sopesas as responsabilidades que lhes requeimam a fronte, quais invisíveis anéis de fogo.

Anelas o renome dos grandes juízes, mas não sabes em quantas ocasiões padecem, agoniados, para não caírem nos erros de consci-ência.

Desejas a fama dos grandes cientistas; contudo, não indagas quanto ao preço que pagam à disciplina, para manterem fidelidade às suas obrigações.

Queres as vantagens dos grandes industriais; no entanto, desconheces a imensa luta em que se desgastam.

Abraça a atividade singela que o mundo te reservou, respei-tando a importância da vida.

Se a experiência de sacrifício te chama a decifrar-lhe os segredos, lembra-te do alicerce que se esconde no solo, preservan-do a segurança da construção.

Se o apostolado familiar é a renúncia que te compete, recorda que não existem personalidades notáveis, entre os homens, sem o devotamento silencioso de mães e pais, professores e companheiros que se apagam, pouco a pouco, a fim de que elas se levantem na evidência terrestre, à feição das obras-primas de estatuária, em pedestais obscuros.

O arado que semeia é irmão da pena que escreve.

A cozinha dedicada à química do alimento é outra face do laboratório consagrado à química das aplicações científicas.

Diante da Lei, todas as tarefas do bem são missões de caráter divino.

Atende, pois, de coração alegre, ao dever que te cabe, e, se ninguém na Terra dá conta de teus passos, ignorando-te a presença, nem por isso abandones o trabalho humilde que a vida te confiou, na certeza de que Deus é também o Grande Anônimo, a ensinar-nos, na base de toda a sabedoria e de todo o amor, que o mais alto privilégio é servir e servir.

21 - PAI

É natural que consideres teu problema qual espinho terrível.

É justo reconheças tua prova por agonia do coração.

Ergues súplice olhar, no silêncio da prece, e relacionas mecanicamente aqueles que te feriram.

É como se conversasses intimamente com Deus, apresentando-lhe vasto balanço de amarguras e queixas...

E o supremo Senhor cuidará realmente de ti, alentando-te o passo... Entretanto, é preciso não esquecer que ele cuidará i-gualmente dos outros.
Lança mais profundo olhar naqueles que te ofenderam, con-forme acreditas, e compara as tuas vantagens com as deles.

Quase sempre, embora se entremostrem adornados de ouro e renome, nas galerias da evidência e da autoridade, são almas credoras de compaixão e de auxílio... Traíram-te a confiança, contudo, tombaram nas malhas de pavorosos enganos; humilharam-te impunemente, mas adquiriram remorsos para imenso trecho da vida; dilaceraram-te os ideais, entretanto, caíram no descrédito de si próprios, abandonaram-te com inexprimível ingratidão, todavia, desceram à animalidade e à loucura...

Não é possível que Luz do Universo apenas te ampare, desprezando aqueles que se encontram à margem de sofrimento maior.

Unge-te, assim, de paciência e compreensão para ajudar na Obra Divina, ajudando a ti mesmo.

Em qualquer apreciação, ao redor de alguém, recorda que o teu Criador é também o Criador dos que estão sendo julgados.

É por isso que Jesus, em nos ensinando a orar, revelou Deus como sendo o amor de todo amor, afirmando, simples: “Pai nosso, que estás nos céus...”

22 - EM ORAÇÃO E SERVIÇO

Não paralises o impulso do amor fraterno, diante dos compa-nheiros que te parecem errados.

Aquele que hoje carrega na praça o nome de malfeitor pode ser amanhã o apoio a que te arrimes.
Reprovaste o motorista que se envolveu em grave desastre, e, ao vê-lo em posição difícil na estrada, propões-te, de início, lançá-lo à própria sorte, seguindo indiferente.

Entretanto, vence a repulsão e assegura-lhe o socorro preciso.

É possível seja ele, mais além, o amigo certo que te livrará de males maiores.

Viste com desprazer o homem público que se tornou repentinamente odiado, à face de erros clamorosos que se viu na conjuntura de cometer ou endossar, na esfera administrativa, e, no momento justo de considerar-lhe as obras deficitárias, inclinas-te à censura.

Cala, porém, a crítica destrutiva e pronuncia o verbo que lhe sirva de reconforto.
Provavelmente, muito breve será ele o interventor providencial na solução de teus problemas.

Conheces o rapaz transviado, autor de faltas confessas pela carência de educação com que foi rudemente prejudicado, através do tempo, e, ao surpreendê-lo embriagado na rua, dispões-te, instintivamente, a passar de largo.

Contudo, deixa que a bondade te inspire o coração e dá-lhe simpatia.
Pode acontecer, em futuro próximo, seja ele a pessoa indicada a salvar-te em amargos perigos.

Fitaste com desprezo a jovem menos feliz que se arrojou a costumes indesejáveis por falta de assistência no lar, em que se desenvolveu ao sabor dos próprios caprichos, e, encontrando-a enredada nas teias da delinqüência, tendes a incriminá-la com palavras condenatórias.

No entanto, reflete na compaixão e ampara-lhe o reajuste.
Talvez amanhã esteja ela no quadro de teus familiares mais queridos, por injunções de casamento.

Para isso, não te sintas superior.

Lembra-te, acima de tudo, de que, pelas imperfeições que ainda trazemos, todos somos delinqüentes potenciais e de que, se não vigiarmos em oração e serviço, junto das tentações que nos visitam as fraquezas, ainda hoje o lugar dos irmãos caídos pode ser igual-mente o nosso.

CONTINUA AMANHÃ

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