sexta-feira, 1 de abril de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 7ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA


Estudos e dissertações em torno da obra

“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec

Ditado pelo Espírito EMMANUEL


16 - NA ESCOLA DA VIDA

De alma confrangida, observas os semelhantes, considerados na Terra em faltas e culpas maiores que as tuas.

De muitos deles, tens notícias que assombram, e sabes de outros muitos positivamente estirados na delinqüência.

Agitam-se alguns, por ignorância, sob as tenazes do crime.

Vários conhecem que amargas conseqüências recolherão mais tarde e, apesar disso, rendem-se, inermes, às garras da tentação.

Declaram-se outros adeptos da virtude e rolam na crueldade.

E outros, ainda, que te animavam à fé, permanecem na reta-guarda, entregues ao desespero...

Junto deles, há quem diga: “são almas empedernidas”.

E, há quem reforce: “são feras em forma humana”.

Entretanto, ainda mesmo te arroles entre as vítimas, carregando o peito dilacerado, não ergas a voz para persegui-los. Estão marcados em si mesmos pelo remorso que trazem no seio.

Não é necessário te aproximes com vergastas para zurzir-lhes a carne. Além de sitiados na dor do arrependimento, quase sempre transitam em cárceres de amargura ou respiram exilados do carinho doméstico, sorvendo lágrimas de aflição.

Em lugar de fel e desprezo, dá-lhes amor e esperança, a fim de que despertem a vontade entorpecida para o campo do bem.

Diante de todos eles, nossos irmãos enganados na sombra, abençoa e ora... e, se te agridem, desvairados e inconscientes, abençoa e ora de novo, na certeza de que Deus a ninguém abandona e, ainda mesmo para os filhos mais depravados, providenciará reajuste, através da reencarnação, que é a escola da vida, a levantar-se, divina, do bendito colo de mãe.

17 - EXAMES

A dor é agente de fixação, expondo-nos a verdadeira fisionomia moral.

O sofrimento é fotógrafo oculto.

Deslinda os mais íntimos aspectos da personalidade, situando-os a descoberto.

Aclara os menores impulsos do coração, deixando-os à mostra.

Em razão disso, cada problema que te procura é semelhante ao trabalho de análise dirigida, como que a radiografar-te certas zonas do ser, de modo a verificar-lhes o equilíbrio.

Cada provação pode ser comparada a um banho de substâncias químicas, testando-te idéias e sentimentos, para definir-lhes a sanidade.

A vida, expressando a Sabedoria divina, observa cada um de nós, diariamente, examinando-nos o possível valor, a fim de valorizar-nos.

Cultura nobre granjeia tarefas enobrecidas.

Virtude alcança merecimento.

Quem aprende pode ensinar.

Quem semeia o melhor adquire o melhor.

Quem ajuda sem recompensa colhe apoio espontâneo.

Em todas as borrascas e provações, adversidades e sombras, permanece fiel ao bem, no serviço incansável, para que o bem te revele através dos outros.

Não consultes a palavra “impossível”, no dicionário da experiência. Todos temos a vontade por alavanca de luz e toda criatura, sem exceção, demonstrará a quantidade e o teor da luz que entesoura em si própria, toda vez que chamada a exame, na hora da crise.

18 - SABES DISSO

Essas doces crianças que observas, com sublime enternecimento, são teus filhos, pérolas de luz, cujo escrínio geraste no coração, muitas vezes coagulando as próprias lagrimas.

Tomaste algo de teu sangue e amassaste-o com o hálito de teu hálito, adicionaste os melhores sonhos e os mais límpidos ideais e formaste semelhantes maravilhas que te nasceram por esperanças em flor.

Sentindo-as por aves frágeis, em busca de asilo em teu peito, sabes acolher-lhes as necessidades no carinho incessante.

Dias de laborioso cuidado, preservando-lhes a existência.

Noites de dolorosa vigília, quando a enfermidade aparece.

Alimento, agasalho, escola, responsabilidades e inquietações...

Entretanto, mais tarde, nunca te lembrarás de cobrar-lhes impostos de reconhecimento ou exigir se convertam em fantoches de teus caprichos.

Ver-lhes a honradez e o trabalho, o passo reto e a independência construtiva representa, em verdade, todo o triunfo que ambicionas.

E, um dia, dobado longo tempo sobre a tua renuncia, se essas crianças, transfiguradas em pessoas adultas, caem sob terríveis enganos, na conquista da experiência, sabes esquecer as rugas de dor e refazer os ossos desconjuntados... Sabes começar a luta de novo para ajudar os rebentos da própria vida a se transferirem das dívidas de aflição para os júbilos do resgate... E a todos os que te reprovam o devotamento e a fadiga, censurando-te a persistência no sacrifício, sabes responder, na mesma reserva de confiança e ternura, com alegria misturada de pranto: “são meus filhos”.

Isso acontece no lar terreno, onde as criaturas humanas, embora imperfeitas, não se resignam a ferretear os próprios filhos com o estigma de escravos...

Imagina, pois, a longanimidade do amor que vibra e reina, infinito, no Lar Divino da Criação!...

19 - OMISSÃO

Asseveras não haver praticado o mal; contudo, reflete no bem que deixaste a distância.

Não permitas que a omissão se erija em teu caminho, por chaga irremediável.

Imagina-te à frente do amigo necessitado a quem podes favorecer.

Não te detenhas a examinar processos de auxílio.

É possível que amanhã não mais consigas vê-lo com os olhos da própria carne.


Supõe-te ao pé do companheiro sofredor, a quem desejas aliviar.
Não demores o socorro preciso.

É provável que o abraço de hoje seja o início de longo adeus.

Não adies o perdão, nem atrases a caridade.

Abençoa, de imediato, os que te firam com o rebenque da injúria, e ampara, sem condições, os que te comungam a experiência.

Se teus pais, fatigados de luta, são agora problemas em teu caminho, apóia-os com mais ternura.

Se teus filhos, intoxicados de ilusão, te impõem dores amargas, bendize-lhes a presença.

Se o trabalho espera por tuas mãos, arranja tempo para fazê-lo..

Se a concórdia te pede cooperação, não retardes o atendimento.

Não percas a divina oportunidade de estender a alegria.

Tudo o que enxergas, entre os homens, usando a visão física, é moldura passageira de almas e forças em movimento.

Faze, em cada minuto, o melhor que puderes.

Seja qual for a dificuldade, não desertes do amor que todos devemos uns aos outros. E se recebes, em troca, pedra e ódio, vinagre e fel, sorri e auxilia sempre, porque é possível estejas ainda hoje, na Terra, diante dos outros, ou os outros diante de ti pela última vez.

CONTINUA AMANHÃ

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