sexta-feira, 4 de março de 2011

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO QUARTO

CONCLUSÃO

VI

Trecentésima Sexcentésima Oitava Parte.

O Espiritismo não é obra de um homem. Ninguém se pode dizer seu criador, porque é tão velho quanto a criação. Ele se encontra por toda a parte, em todas as religiões e mais ainda na religião católica, e com mais autoridade que em todas as outras, porque nele se encontra o principio de tudo: os Espíritos de todos os graus, seus intercâmbios ocultos e patentes com os homens, os anjos guardiões, a reencarnação, a emancipação da alma durante a vida, a dupla vista, as visões, as manifestações de todo gênero, as aparições e mesmo as aparições tangíveis. Com relação aos demônios, não são outra coisa que os maus Espíritos e, salvo a crença de que os primeiros são perpetuamente votados ao mal, enquanto que o caminho do progresso não é interditado aos outros, não há entre eles senão uma diferença de nomes.
Que faz a Ciência Espírita moderna? Reúne em um corpo o que estava esparso; explica em termos próprios o que não o era senão em linguagem alegórica: elimina o que a superstição e a ignorância geraram para não deixar senão a realidade e o positivo: eis o seu papel. Mas o de fundadora não lhe pertence. Ela mostra o que é, coordena, mas não cria coisa alguma, porque suas bases são de todos os tempos e de todos os lugares. Portanto, quem ousaria considerar-se bastante forte para sufocá-la sob os sarcasmos e mesmo sob a perseguição? Se se a proscreve de um lado, ela renascera em outros lugares, sobre o terreno mesmo de onde se houver banido, porque está na Natureza e não é dado ao homem destruir uma força da Natureza, nem de colocar seu veto sobre os decretos de DEUS.

De resto, que interesse haveria em se entravar a propagação das idéias Espíritos? Essas idéias, é verdade, se erguem contra os abusos que nascem do orgulho e do egoísmo; mas esses abusos dos quais alguns se aproveitam, prejudicando a coletividade. Portanto, ela terá a seu favor a massa e não terá por adversários sérios senão os que estão interessados em manter esses abusos. Pela sua influência, ao contrário, essas idéias, tornando os homens melhores, uns para com os outros, menos ávidos de interesses materiais e mais resignados aos ditames da Providência, são uma garantia da ordem e de tranqüilidade.

CONTINUA AMANHÃ

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