quinta-feira, 3 de março de 2011

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO QUARTO

CONCLUSÃO


VI

Trecentésima Sexcentésima Sétima Parte.

Seria fazer uma idéia bem falsa do Espiritismo crer que ele haure sua força na pratica de manifestações materiais que assim, entravando essas manifestações, pode-se miná-lo em suas bases. Sua força está em sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso. Na antiguidade, ele foi objeto de estudos misteriosos, cuidadosamente ocultos ao vulgo; hoje nada tem de secreto para alguém. Fala uma linguagem clara, sem ambigüidade. Nele, nada há de místico e de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Ele quer ser compreendido por todos, porque é chegado o tempo de fazer o homem conhecer a verdade. Longe de se opor à difusão da luz, a quer para todos. Não reclama uma crença cega, mas quer que se saiba por que se crê. Apoiando-se sobre a razão, será sempre mais forte do que aqueles que se apóiam sobre o nada. Os entraves que tentarem lhe oferecer à liberdade das manifestações poderiam abafá-las. Não, porque produziriam o efeito de todas as perseguições: o de excitar a curiosidade e o desejo de conhecer o que foi proibido. Por outro lado, se as manifestações espíritas fossem o privilégio de um só homem, não há dúvida que, colocando esse homem de lado, cessariam as manifestações. Infelizmente, para os adversários, elas estão a disposição de todos, que a usam, desde o menor até o maior, desde o palácio até a mansarda. Pode-se interditar-lhe o exercício público; mas sabe-se precisamente que não é em público que elas se produzem melhor: é na intimidade. Ora, cada um podendo ser médium, quem pode impedir uma família no recesso do seu lar, um individuo no silêncio do quarto, o prisioneiro sob os ferrolhos, de ter comunicações com os Espíritos, com o desconhecimento e em face mesmos dos esbirros?

Se as interditarem num país, poderão ser impedidas nos países vizinhos, no mundo inteiro, uma vez que não há uma região, nos dois continentes, onde não haja médiuns? Para encarcerar todos os médiuns, seria preciso encarcerar a metade do gênero humano. Viessem mesmo, o que não seria pouco mais fácil, a queimar todos os livros espíritas, e no dia seguinte eles estariam reproduzidos, porque a sua fonte é inatacável e não se pode nem encarcerar e nem queimar os Espíritos que são seus verdadeiros autores.

CONTINUA AMANHÃ

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