quarta-feira, 2 de março de 2011

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO QUARTO

CONCLUSÃO


V

Trecentésima Sexcentésima Sexta Parte.

Aqueles que dizem que as crenças Espíritas ameaçam invadir o mundo proclamam-lhe, com isso, a força, porque uma idéia sem fundamento e despida de lógica não poderia tornar-se universal. Portanto, se o Espiritismo se implanta por toda a parte, se faz adeptos, sobretudo nas classes esclarecidas, assim que cada um o reconhece, é porque tem um fundo de verdade. Contra essa tendência todos os esforços dos seus detratores serão vãos, e o que a prova é que o ridículo com o qual procuram cobri-lo, longe de deter-lhe o impulso, parece lhe ter dado uma nova vida. Esse resultado justifica plenamente o que, muitas vezs, nos disseram os Espíritos: “Não vos inquieteis com a oposição, tudo o que se fizer contra vós tornará para vós, e vossos maiores adversários servirão à vossa causa, sem o querer. Contra a vontade de DEUS a má vontade dos homens não prevalecerá.”

Pelo Espiritismo, a Humanidade deve entrar numa fase nova, a do progresso moral, que é a sua conseqüência inevitável. Portanto, cessai de vos espantar da rapidez com a qual se propagam as idéias espíritas; a sua causa está na satisfação que elas proporcionam a todos os que nela se aprofundam, e que nelas vêem outra coisa mais do que um fútil passatempo. Ora, como cada um quer a felicidade antes de tudo, não é de admirar que se interesse por uma idéia que o torna feliz.

O desenvolvimento dessas idéias apresenta três períodos distintos: o primeiro é o da curiosidade provocada pela estranheza dos fenômenos que se produzem; o segundo, a do raciocínio e da filosofia, e o terceiro o da aplicação e das conseqüências. O período da curiosidade passou. A curiosidade não tem senão um tempo e, uma vez satisfeita, muda de objeto para passar a um outro. O mesmo não sucede com aquele que recorre ao pensamento sério e ao julgamento. Começado o segundo, sobretudo, depois que foi mais bem compreendido em sua essência íntima, depois que se lhe viu a importância, porque toca o ponto mais sensível do homem: o da felicidade, mesmo nesse mundo. Nisso está a causa da sua propagação, o segredo da força que o fará triunfar. Ele torna felizes aqueles que o compreendem, até que sua influencia se estenda sobre as massas. Mesmo aquele que não teve nenhum testemunho material de manifestação, diz além desses fenômenos, há a filosofia que me explica o que NENHUMA outra me havia explicado; nela encontro, só pelo raciocínio, uma demonstração racional de problemas que interessam muitíssimo ao meu futuro; ela me proporciona a calma, a segurança e a confiança; me livra do tormento da incerteza; ao lado dela, a questão dos fatos materiais é uma questão secundária. Vós todos, que o atacais, quereis um meio de combatê-lo com sucesso? Eis aqui: Substituí-o por qualquer coisa melhor; encontra uma solução MAIS FILOSÓFICA a todas as questões que ele resolve; daí ao homem uma OUTRA CERTEZA que o torne mais feliz e compreendei bem a importância dessa palavra certeza, porque o homem não aceita como certo senão o que lhe parece lógico. Não vos contenteis em dizer que isso não é assim, pois é muito fácil. Provai, não por uma negação, mas por fatos, que isso não é, jamais foi e não PODE ser. Se não o é, dizei, sobretudo, o que haveria em seu lugar. Provai, enfim, que as conseqüências do Espiritismo não são de tornar os homens melhores e, portanto, mais felizes, pela prática da mais pura moral evangélica, moral que se glorifica muito, mas que se pratica pouco. Quando houverdes feito isso, tereis o direito de atacá-lo. O Espiritismo é forte porque ele se apóia sobre as próprias bases da religião; DEUS, a alma, as penas e as recompensas futuras, sobretudo, porque mostra essas penas e essas recompensas como conseqüências naturais da vida terrena, e que nada, no quadro que ele oferece do futuro, pode ser negado pela mais exigente razão. Vós cuja doutrina total consiste na negação do futuro, que compensação ofereceis para os sofrimentos deste mundo? Vós vos apoiais sobre a incredulidade, ele se apóia sobre a confiança em DEUS. Enquanto ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade, vós lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOISMO por consolação. Ele explica tudo, vós não explicais nada. Ele prova pelos fatos e vós não provais nada. Como quereis que se hesite entre as duas doutrinas?

CONTINUA AMANHÃ

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