terça-feira, 1 de março de 2011

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO QUARTO

CONCLUSÃO

IV

Trecentésima Sexcentésima Quinta Parte.

O progresso da Humanidade tem seu principio na aplicação da Lei de Justiça, de amor e de caridade. Esta Lei está fundada sobre a certeza do futuro; tirai essa certeza e lhe tirareis sua pedra fundamental. Dessa Lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições da felicidade do homem, e só ela pode curar as chagas da sociedade e ele pode julgar, pela comparação das épocas e dos povos, quanto sua condição melhora à medida que essa Lei é mais bem compreendida e praticada. Se uma aplicação parcial e incompleta produz um bem real, que será, pois, quando fizer dela a base de todas suas instituições sociais! Isso é possível? Sim, porque uma vez que deu dez passos, pode dar vinte, e assim por diante. Pode-se, portanto, julgar o futuro pelo passado. Já vimos se apagarem, pouco a pouco, as antipatias de povo a povo; as barreiras que os separam diminuem diante da civilização; eles se estendem as mãos de uma a outra extremidade do mundo; uma maior justiça preside as Leis internacionais, as guerras tornam-se mais e mais raras e não excluem o sentimento de humanidade; a uniformidade se estabelece nas relações, as distinções de raças e de castas se apagam e os homens de crenças diferentes calam os preconceitos de seita para se confundirem na adoração de um só Deus. Alamos dos povos que marcham à frente da civilização. Sob todos esses aspectos, se esta ainda longe da perfeição, e há ainda muitas velhas ruínas para se abater até que tenham desaparecido os últimos vestígios da barbárie. Mas essas ruínas poderão se opor à força irresistível do progresso, essa força viva que é, em si mesma, uma Lei da Natureza? Se a geração presente é mais avançada que a geração passada, por que a que nos sucederá não o seria mais que a nossa? Ela o será pela forças das coisas; primeiro, porque com as gerações desaparecem cada dia alguns defensores dos velhos abusos e assim a sociedade se forma, pouco a pouco, de elementos novos, despojados dos velhos preconceitos; em segundo lugar, porque o homem, querendo o progresso, estuda os obstáculos e se aplica em destruí-los. Desde que o movimento progressivo é incontestável, o progresso futuro não deveria ser duvidoso. O homem quer ser feliz e isso está na Natureza. Ora, ele não procura o progresso senão para aumentar a soma de sua felicidade, sem o que o progresso seria sem objetivo. Onde estaria o progresso para ele, se esse progresso não devesse melhorar sua posição? Mas quando tiver a soma de prazeres que pode dar o progresso intelectual, ele se aperceberá que não tem a felicidade completa; reconhecerá que essa felicidade é impossível sem a segurança das relações sociais, que não encontrará senão no progresso moral. Portanto, pela força das coisas, ele próprio encaminhará o progresso para esse caminho e o Espiritismo lhe oferecerá a mais poderosa alavanca para atingir esse objetivo.

CONTINUA AMANHÃ

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