domingo, 27 de março de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDOS SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC 2ª PARTE

2 - AINDA HOJE

Não esperarás pela fortuna, a fim de servir à beneficência.

Muitas vezes, na pesquisa laboriosa do ouro, gastarás o próprio corpo em cansaço infrutífero.

Cede, hoje ainda, a pequena moeda de que dispões em favor dos necessitados.

O vintém que se transforma no pão do faminto vale mais que o milhão indefinidamente sepultado no cofre.

Não requestarás a glória acadêmica para colaborar na instrução.

Muitas vezes, na porfia da conquista de lauréis para a inteligência, desajustarás, debalde, a própria cabeça.

Ampara, hoje ainda, o irmão que anseia pelo alfabeto.

Leve explicação que induza alguém a libertar-se da ignorância vale mais que o diploma nobre, guardado inútil.

Não exigirás ascensão ao poder humano a fim de proteger as vidas alheiras.

Muitas vezes, na longa procura de autoridade, consumirás, em vão, o ensejo de auxiliar.

Acende, hoje ainda, para essa ou aquela criança extraviada, a luz do caminho certo.

Pequeno gesto edificante, que incentiva um menino a buscar o melhor, vale mais que a posição brilhante sem proveito para ninguém.

Não solicitarás feriado para socorrer os aflitos.

Muitas vezes, reclamando tempo excessivo para cultivar a fraternidade, perderás, improficuamente, o tesouro dos dias.

Estende, hoje ainda, alguma palavra confortadora aos companheiros que a provação envolve em lágrimas.

Uma hora de esclarecimento e esperança no consolo aos que choram vale mais que um século de existência, amarrado à preguiça.

Não percas ocasião para o teu heroísmo, nem aguardes santidade compulsória para demonstrações de virtudes.

Comecemos a cultura das boas obras, hoje ainda, onde estivermos, porque toda migalha do bem com quem for e onde for, é crédito acumulado ou começo de progresso na justiça divina.


3 - NÃO FURTAR


Diz a Lei: “não furtaras”.

Sim, não furtarás o dinheiro, nem a fazenda, nem a posse dos semelhantes.

Contudo, existem outros bens que desaparecem, subtraídos pelo assalto da agressividade invisível que passa, impune, diante dos tribunais articulados na Terra.

Há muitos amigos que restituem honestamente a moeda encontrada na rua, mas que não se pejam de roubar a esperança e o entusiasmo dos companheiros dedicados ao bem, traçando telas de amargura e desânimo, com as quais favorecem a vitória do mal.

Muitos respeitam a terra dos outros; entretanto não hesitam em dilapidar-lhes o patrimônio moral, assestando contra eles a maledicência e a calúnia.

Há criaturas que nunca arrebataram objetos devidos ao conforto do próximo; contudo, não vacilam em surrupiar-lhes a confiança.

E há pessoas inúmeras que jamais invadiram a posse material de quem quer que seja; no entanto, destroem sem piedade a concórdia e a segurança do ambiente em que vivem, roubando o tempo e a alegria dos que trabalham.

“Não furtarás” – estatui o preceito divino.

É preciso, porém, não furtar nem os recursos do corpo, nem os bens da alma, pois que a conseqüência de todo furto é prevista na Lei.

4 - VIRTUDE SOLITÁRIA

Casa branca no aclive da serra, com o vale rente.

Fontes claras, correndo perto, e jardim florido.

Clima doce e perfume da natureza.

Nenhum aborrecimento.

Nenhum cuidado.

Falta alguma.

Problema algum.

Solidão saborosa em que o morador consiga estirar-se, inerte, em poltronas e redes.

No entanto, é no trato da luta que as forças se enrijam e as qualidades se aperfeiçoam.

Considerando-se que o mal é a experiência inferior nos quadros da experiência mais nobre, é nos serviço do amparo mútuo e da tolerância recíproca que havemos de transformá-lo em bem duradouro, como se tomássemos as nossas próprias sombras de ontem para convertê-las na luz de hoje.

Livres, estamos interligados perante a Lei, para fazer o melhor, e, escravizados aos compromissos expiatórios, estaremos acorrentados uns aos outros no instituto da reencarnação, segundo a Lei, para anular o pior que já foi feito por nós mesmos nas existências passadas.

Ninguém progride sem alguém.

Abençoemos, assim, as provações que nos abençoam.

Trabalho é ascensão.

Dor é burilamento.

Toda adversidade avisa, todo sofrimento instrui, todo pranto lava, toda dificuldade e toda crise seleciona.

Virtude solitária é pão na vitrine.

Competência no palanque é usura da alma.

Todos somos alunos na escola da vida.

E ninguém consegue aprender sem dar a lição.

CONTINUA AMANHÃ

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