quinta-feira, 31 de março de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDO SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 6ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA


Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec

Ditado pelo Espírito EMMANUEL


13 - DE ANIMO FIRME

É possível estejas descobrindo o que não esperavas.

Construções, que supunhas de ouro, acabaram em resíduos de pedra.

Promessas, acalantadas por muitos anos, parecem-te agora rematadas mentiras.

Afetos, julgados invulneráveis, abandonaram-te o passo, quando mais necessitavas de apoio.

Surpreendeste a incompreensão nos companheiros mais nobres e colheste amargos problemas nos próprios filhos que viste crescer, ao calor de teu corpo.

Ruíram aspirações, lembrando preciosos vasos quebrados.

Sonhos desfizeram-se, de improviso, como se ventania arrasadora te devastasse a existência.

Apesar de tudo, porém, renova-te a cada instante e caminha incessantemente, arrimando-te à fé viva.

Na Terra ou além da Terra, a soma das lutas que carregamos reúne as parcelas dos compromissos assumidos, junto à bolsa do tempo.

Aflição de hoje, dívida de ontem.

Merecimento de agora, crédito de amanhã.

Banha as mais íntimas energias nas torrentes do amor puro que compreende e edifica sempre; veste o arnês do trabalho que aprimora e sublima, e sigamos em frente, honrando a nossa condição de almas eternas.

Nada tendo e tudo possuindo...

Sozinhos e com todos...

Chorando jubilosos e suando contentes...

Atormentados e tranqüilos...

Desfalecentes e refeitos...

Dilacerados e felizes...

Batidos e levantados...

Morrendo cada dia para reviver no dia seguinte, em plano superior...

E, atingindo os marcos do túmulo, de partida para a Luz Espiritual, se viveste amando e perdoando, purificando e servindo, encontrarás em ti mesmo a flama da alegria, ressurgindo do sofrimento, como a glória solar renascendo das trevas.

14 - QUITAÇÃO

Todas as contas a resgatar pedem relação direta entre credores e devedores.

É por isso que te vês, freqüentemente, na Terra, diante daqueles a quem deves algo.

No lar ou nas linhas que o margeiam, é fácil reconhecê-los, quando entregas desinteresse e dedicação, recolhendo aspereza e indiferença.

Muitas vezes, trazem nomes queridos no recinto doméstico, e assemelham-se a impassíveis verdugos, apresando-te o coração nas grades do sofrimento.

Em muitos lances da estrada, são amigos a quem te dás, sem reserva, e que te arrastam a dificuldades de longo curso.

Em várias ocasiões, são pessoas das quais enxugaste as lágrimas, situando-as na intimidade da própria vida, e que, de inesperado, te agridem a confiança com as pedras do desapreço.

Noutras circunstâncias, são companheiros de experiência que, de súbito, se transformaram em adversários gratuitos de teu caminho, hostilizando-te, em toda parte.

Entretanto, se defrontado por semelhantes problemas, é indispensável te municies de amor e paciência, tolerância e serenidade, para desfazeres a trama da incompreensão.

Guarda a consciência no dever lealmente cumprido e, haja o que houver, releva os golpes com que te firam, ofertando-lhes o melhor sentimento, a melhor idéia, a melhor palavra e a melhor atitude.

Água cristalina, pingando, gota a gota, converte o vaso de vinagre em vaso de água pura.

E, se depois de todos os teus gestos de fraternidade e benevolência, ainda te perseguem ou te injuriam, abençoa-os em prece e continua, adiante, fiel a ti mesmo, na certeza de que humildade, na hora de crise, é nota de quitação.

15 - CADA EXISTÊNCIA

É como se retivéssemos esperanças, procurando explodir, e, por essa razão, sofres a impossibilidade transitória de alcançar o ideal a que te propões.

Queres realizar os melhores sonhos, aspiras ao estudo edificante do Universo, anseias atingir as culminâncias da Ciência e da Arte, atormentas-te pela aquisição da felicidade e choras pela integração da própria alma no amor supremo...

Entretanto, quase sempre tens ainda o coração preso à dívida, à feição do diamante engastado ao seixo.

Há problemas que solicitam toda uma existência de renúncia constante, para que o fio do destino se alimpe e desembarace.

À vista disso, não desertes da prova que te segrega, temporariamente, na grande tribulação.

O lar pejado de sacrifícios, a família consangüínea a configurar-se por forja ardente, a viuvez expressando exílio, a obrigação qual golilha atada ao pescoço, o compromisso em forma de algema e a moléstia semelhando espinho na própria carne constituem liquidações de longo prazo ou ajuste de contas a prestações, para que a liberdade nos felicite.

Resgata, pois, sem revolta, o próprio caminho.

Enquanto há inquietação na consciência, há resto a pagar.

Agradece, assim, as dificuldades e as dores que te rodeiam.

Cada existência, no plano físico, pode ser um passo adiante, que te projete na vanguarda de luz.

Misericórdia na Justiça Divina, consolações inefáveis, braços amigos, diretrizes renovadoras e auxílio constante não te faltam, em tempo algum; contudo, está em ti mesmo aceitar, adiar, reduzir, facilitar ou agravar o preço da tua libertação.

CONTINUA AMANHÃ

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