quarta-feira, 30 de março de 2011

JUSTIÇA DIVINA - ESTUDO SOBRE AS OBRAS DE ALLAN KARDEC - 5ª PARTE

FRANCISCO CANDIDO XAVIER

JUSTIÇA DIVINA

Estudos e dissertações em torno da obra
“O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec

Ditado pelo Espírito EMMANUEL


10 - VIVERAS PARA SEMPRE

Meditando na morte, honra, servindo, a estância carnal em que te hospedas por algum tempo.

Nela, descobrirás com freqüência os que fazem ironia em torno da fé; os que se referem à virtude como sendo uma farsa; os que falam de corrida ao poder, calcando aos pés o coração dos semelhantes; os que zombam da lealdade e os que improvisam redutos de fantasioso prazer, argamassando-os com o pranto das viúvas e dos órfãos.

Não te padronizes pelo figurino moral que apresentam, portanto, qual acontece contigo, ainda que não queiram, permanecem de viagem na Terra, e cada um prestará contas de si próprio no momento oportuno.

Se a semente conseguisse ouvir-nos acerca da valiosa tarefa de que se incumbirá na alimentação do povo, quando estiver convertida em árvore, talvez nos recusasse os vaticínios, e se a lagarta pudesse escutar-nos sobre a futura condição que a espera, dentro da qual volitará no espaço com asas de borboleta, provavelmente nos interpretaria por loucos.

Não te molestem, assim, as considerações pueris dos irmãos que procuram transformar a vida terrena em floresta de impulsos selvagens, gastando a existência em caça e pesca de emoções inferiores.

Persiste na reta consciência e faze o teu melhor.

Dos planos superiores, os amigos que te antecederam na Pátria Espiritual acompanham-te os triunfos ignorados pelos homens e abençoam-te o suor da paciência nas lutas necessárias; encorajam-te na causa do amor puro e sustentam-te as energias para que as tuas esperanças não desfaleçam; comungam-te as alegrias e as dores, ensinando-te a semear a felicidade nos outros, para que recolhas a felicidade maior; se tropeças, estendem-te os braços e, se choras, enxugam-te as lágrimas; sobretudo, esperam-te, confiantes, quando termines a tarefa, para te abraçarem, afetuosos, com a alegria de quem recebe um companheiro querido, de volta ao lar.

Persevera no bem, sabendo que viverás pra sempre.

E, se te sentires sozinho na fé, lembra-te de Jesus.

Um dia, ele esteve abandonado e crucificado no alto de uma colina, contemplando amigos desertores e algozes gratuitos, beneficiários ingratos e adversários inconscientes... Na conceituação humana, estava plenamente sozinho; contudo, ele com Deus e Deus com ele formavam maioria, ante a multidão desvairada.

11 - CULPA E REENCARNAÇÃO

Espírito culpados!

Somos quase todos.

Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes...
Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação.

Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência...

Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros.

Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem para sempre de nós, depois da morte...

Mas, tornamos a encontrá-las no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas.

Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência...

No entanto, regressemos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as gravosas obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios.

Espíritos culpados!

Somos quase todos.

A Perfeita Justiça, porém, nunca se expressa sem a Perfeita Misericórdia e abre-nos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão.

Atendamos às boas obras quanto nos seja possível.

Cada migalha de bem que faças é luz contigo, clareando os que amas.

E assim é porque, de conformidade com as Leis Divinas, o aperfeiçoamento do mundo depende do mundo, mas o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós.

12 - NAS LEIS DO AMOR

Se alguém te fala em descanso inútil depois da morte, pensa nos que sofrem por amor, na experiência terrestre.

Indaga das mães devotadas se teriam coragem de relegar os filhos delinqüentes à solidão da masmorra...

Preferem chorar na pocilga, trabalhando por eles, a morarem no paraíso com o peito rebentando de lágrimas.

Pergunta aos pais afetuosos se pediriam a forca para os rebentos do próprio sangue, comprometidos em débitos insolúveis...

Escolhem a condição dos grilhetas, de modo a vê-los recuperados, renunciando aos prêmios que a sociedade lhes destine à honradez.

Inquire da esposa abnegada se deixaria o companheiro enredado à loucura, pra brilhar num desfile de santidade...

Disputará as vigílias no manicômio para servi-lo, fugindo aos louros da praça pública.

Interroga do amigo verdadeiro se deixará o amigo confiante em dificuldade...

Aceitará partilhar-lhe as provações, recusando os privilégios com que o mundo lhe acene.

Isso acontece na Terra, onde o amor ainda se mistura ao egoísmo, qual o ouro perdido na ganga do solo.

Para além das cinzas do túmulo, há paz de consciência e alegria profunda no dever nobremente cumprido, mas, se te afeiçoas à bondade e à renúncia, poderás quanto quiseres continuar auxiliando os entes amados, que aprendeste a venerar e querer, ou prosseguir exaltando os ideais e as tarefas edificantes que abraças.

À medida que penetramos os segredos do amor puro, vamos reconhecendo que ninguém pode ser realmente feliz sem fazer a felicidade alheia no caminho em que avança.

O próprio Criador determinou que a noite se cobrisse de estrelas e que o espinheiral se levantasse recamado de rosas.

Trabalharemos e sofreremos, assim, por amor, pelos séculos adiante, ajudando-nos uns aos outros a erguer a felicidade de nosso nível, até que possamos entrar, todos juntos, na suprema felicidade que consiste em nossa união com Deus para sempre.

CONTINUA AMANHÃ

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