sexta-feira, 18 de março de 2011

ALAN KARDEC - BIOGRAFIA - 3ª PARTE

OS ÚLTIMOS ANOS

Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos opositores atraves da Revista Espirita Ou Jornal de Estudos Psicológicos. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos (65 anos incompletos) de idade,[12] em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido como os dólmens druídicos, Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei", em francês.

Em seu sepultamento, o astrônomo francês e amigo pessoal de Kardec, Camille Flammarion, proferiu o seguinte discurso, ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo:[13]

“ Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se- os teus olhos para não mais se abrirem, não mais ouvida será a tua palavra… Sabemos que todos havemos de mergulhar nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvolvimento a Terra é teatro por demais acanhado. (…) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista! ”
—Camille Flammarion

Sobre Kardec, Gabriel Delanne escreveu:[14]
“ Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza, resultante de constatações científicas, tal é o inestimável serviço prestado por Allan Kardec à humanidade. ”


OBRAS

OBRAS DIDÁTICAS

Contracapa da versão de 1860 d'O Livro dos Espíritos, a principal obra publicada por Kardec.

O professor Rivail escreveu diversos livros pedagógicos, dentre os quais destacam-se:[15]

• 1824 - Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família, com modificações - 2 tomos

• 1828 - Plano proposto para melhoramento da Instrução Pública
• 1831 - Gramática Francesa Clássica
• 1831 - Qual o sistema de estudo mais consentâneo com as necessidades da época?.
• 1846 - Manual dos exames para os títulos de capacidade: soluções racionais de questões e problemas de Aritmética e de Geometria
• 1848 - Catecismo gramatical da Língua Francesa
• 1849 - Programa dos Cursos ordinários de Química, Física, Astronomia, Fisiologia
• 1849 - Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona
• 1849 - Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas

DIPLOMAS OBTIDOS

Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua carreira de professor e diretor de colégio:[16]

• Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris - 1829
• Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar - 1847. Secretário geral: H. Carnot.
• Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
• Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da França - 1835. Presidente: Geoffroy de Saint-Hilaire.
• Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue - 1829.
• Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain - 1828 (Rivail fora designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi).
• Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de Dezembro de 1833 e organizado a 6 de Abril de 1834. Presidente: Michaud, membro da academia francesa.
• Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de Novembro de 1820, por César Moreau.
• Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.
• Medalha de ouro, 1º prêmio, conferida pela Sociedade Real de Arrás, no concurso realizado em 1831, sobre educação e ensino.

OBRAS ESPÍRITAS

As cinco obras fundamentais que versam sobre o Espiritismo, sob o pseudônimo Allan Kardec, são:

• O Livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, publicado em 18 de abril de 1857;
• O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, em janeiro de 1861;
• O Evangelho segundo o Espiritismo, em abril de 1864;
• O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865;
• A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, em janeiro de 1868.
Além delas, como Kardec, publicou mais cinco obras complementares:
• Revista Espírita (periódico de estudos psicológicos), publicada mensalmente de 1 de janeiro de 1858 a 1869;
• O que é o Espiritismo (resumo sob a forma de perguntas e respostas), em 1859;
• Instrução prática sobre as manifestações espíritas (substituída pelo Livro dos Médiuns; publicada no Brasil pela editora O Pensamento)
• O Espiritismo em sua expressão mais simples, em 1862;
• Viagem Espírita de 1862 (publicada no Brasil pela editora O Clarim).

Após o seu falecimento, viria à luz:

• Obras Póstumas, em 1890.

Outras obras menos conhecidas foram também publicadas no Brasil:

• O principiante espírita (pela editora O Pensamento)
• A Obsessão (pela editora O Clarim)

CITAÇÕES

• "A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação."[17]


ALAN KARDEC

• "Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posterior confirmar a teoria: a teoria é que veio subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas."[18]

• "(…)o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essa anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje…"[19]

1. ↑ Diz-se codificador pois o seu trabalho foi o de reunir, compilar e sistematizar textos recebidos por diversos médiuns naquela época.

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