domingo, 27 de fevereiro de 2011

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO QUARTO

CONCLUSÃO

II

Trecentésima Sexcentésima Terceira Parte.

O Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Não é, pois, de espantar que ele tenha os materialistas por adversários. Mas como o materialismo é uma doutrina que se ousa mal confessar (prova de que os que a professam não se crêem bem forte e são dominados por sua consciência), ele se cobre com o manto da razão e da ciência, e, coisa bizarra, os mais céticos falam mesmo em nome da religião que não conhecem e não compreendem melhor que o Espiritismo. Sua mira, é, sobretudo, o maravilhoso, e o sobrenatural que não admitem. Ora, segundo eles, estando o Espiritismo fundado sobre o maravilhoso, não pode ser senão uma suposição ridícula. Não refletem que fazendo, sem restrição, o julgamento do maravilhoso e do sobrenatural, fazem o da religião. Com efeito, a religião está fundada sobre a revelação e os milagres. Ora, que é revelação senão comunicações extra-humanas? Todos os autores sagrados, desde Moisés, falaram dessas espécies de comunicações. Que são os milagres senão os fatos maravilhosos e sobrenaturais por excelência, posto que são, no sentido litúrgico, derrogações às Leis da Natureza? Portanto, rejeitando o maravilhoso e o sobrenatural eles rejeitam as próprias bases da religião. Mas não é sob esse ponto de vista que devemos examinar a coisa. O Espiritismo não tem que examinar se há, ou não, milagres, quer dizer, se DEUS pôde, em certos casos, derrogar as Leis eternas que regem o Universo. ELE deixa, a esse respeito, toda a liberdade de crença. Diz e prova, que os fenômenos sobre os quais se apóia não têm de sobrenatural senão a aparência. Esses fenômenos não são assim, aos olhos de certas pessoas, senão porque são insólitos e fora dos fatos conhecidos. Mas eles são mais sobrenaturais que todos os fenômenos aos quais a Ciência hoje dá a solução, e que pareceram maravilhosos numa outra época. Todos os fenômenos Espíritas, sem exceção, são a conseqüência de Leis gerais e nos revelam um dos poderes da Natureza, poder desconhecido, ou dizendo melhor, incompreendido até aqui. Mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas. O Espiritismo repousa, pois, menos sobre o maravilhoso e sobre o natural que a própria religião. Aqueles que o atacam a esse respeito são porque não o conhecem, e fossem eles os homens mais sábios nós lhes diríamos: se vossa Ciência, que vós ensinais tantas coisas, não vos ensinou que o domínio da Natureza é infinito, não sois sábios senão pela metade.

CONTINUA AMANHÃ

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