terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO QUARTO

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

CAPÍTULO II

PENAS E GOZOS FUTUROS

DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS

Trecentésima Qüinquagésima Quarta Parte.

Vê-se excitar o homem ao bem, e o afastar do mal, pelo engodo de recompensas e o medo de castigos; mas se esses castigos são apresentados de maneira a que a razão se recusa a acreditar neles, não terão sobre o homem nenhuma influência; longe disso, ele rejeita tudo; a forma e o fundo. Que se lhe apresente, ao contrário, o futuro de maneira lógica, e então ele não o rejeitará. O Espiritismo lhe dá essa explicação.

A doutrina da eternidade das penas, no sentido absoluto, faz do ser supremo um DEUS implacável. Seria lógico dizer de um soberano que ele é muito bom, muito benevolente, muito indulgente, que não quer senão a felicidade dos que o cercam, mas que, ao mesmo tempo, é ciumento, vingativo, inflexível no seu rigor, e que pune com o ultimo suplicio as três quartas partes de seus indivíduos por uma ofensa ou uma infração às suas Leis, aqueles que faliram por não as ter conhecidos? Não seria isso uma contradição? Ora, DEUS pode ser menos bom do que seria um homem?

Outra contradição se apresenta aqui. Visto que DEUS tudo sabe, sabia, pois, criando uma alma, que ela faliria; ela foi, portanto, desde sua formação, votada à infelicidade eterna; isso é possível? É racional? Com a doutrina das penas relativas tudo está justificado. DEUS sabia, sem dúvida, que ela faliria, mas lhe dá os meios de se esclarecer por sua própria experiência, por suas próprias faltas. È necessário que ela expie seus erros para ser melhor consolidada no bem, mas a porta da esperança não lhe é fechada para sempre, e DEUS faz depender o momento de sua libertação dos esforços que faz para o atingir. Eis o que todos podem compreender, o que a lógica, a mais meticulosa, pode admitir. Se as penas futuras tivessem sido apresentadas sob este ponto de vista, haveria menos céticos.

CONTINUA AMANHÃ

Nenhum comentário: