segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO QUARTO

ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES


CAPÍTULO II

PENAS E GOZOS FUTUROS

DURAÇÃO DAS PENAS FUTURAS

Trecentésima Qüinquagésima Terceira Parte.

- Gravitar para a unidade divina, tal é o destino da Humanidade.

Para alcançá-lo três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência; três coisas lhe são opostas e contrárias: a Ignorância, o Ódio e a Injustiça. Pois bem! Digo-vos, em verdade, mentis a esses princípios fundamentais, comprometendo a idéia de DEUS pelo exagero de sua severidade; duplamente a comprometeis, deixando penetrar no Espírito da criatura a idéia de que há nela mais de clemência, de mansuetude, de amor e de verdadeira justiça, do que não atribuis ao seu infinito. Destruís mesmo a idéia do inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas crenças, como o é ao vosso coração o hediondo espetáculo dos carrascos, das fogueiras e das torturas da idade Média. Pois que! É quando a era das represálias cegas já foi para sempre banida das legislações humanas, que esperais mantê-la no ideal? Oh! Crede-me, crede-me, irmãos em DEUS e em JESUS CRISTO, crede-me, ou resignai-vos em deixar perecer entre vossas mãos todos os vossos dogmas antes de deixá-los variar, ou bem os vivificai abrindo-os aos benfazejos eflúvios que os Bons lhe vertem nesse momento. A idéia do inferno com suas fornalhas ardentes, com suas caldeiras ferventes, pôde ser toleradas, quer dizer, perdoável, em um século de ferro, mas no décimo nono, isso não é mais que um vão fantasma próprio, quando muito para assustar as criancinhas e no qual elas não crêem mais quando são grandes. Persistindo nessa mitologia assustadora, engendrais a incredulidade, mãe de toda a desorganização social; eis porque tremo vendo toda uma ordem social abalar e desabar sobre sua base falsa de sanção penal. Homens de fé ardente e viva, vanguardeiros do dia da luz, ao trabalho, portanto! Não para manter velhas fábulas e, de hoje em diante, sem crédito, mas para reavivar, revificar a verdadeira sanção penal, sob formas relacionadas com os vossos costumes, vossos sentimentos e que as luzes de vossa época.

Que é, com efeito, o culpado? É aquele que por um desvio, por um falso movimento da alma, se distancia do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem DEUS, por JESUS CRISTO.

Que é o castigo? A conseqüência natural, derivada desse falso movimento; uma soma de dores necessária para desgostá-lo de sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que excita a alma, pela amargura, a se curvar sobre si mesma e a retornar para o caminho da salvação. O objetivo do castigo não é outro senão a reabilitação, a libertação. Querer que o castigo seja eterno,por uma falta que não é eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.

Oh! Digo-vos em verdade, cessai, cessai em colocar em paralelo, na sua eternidade, o Bem, essência do Criador, com o Mal, essência da criatura; isso seria aí criar uma penalidade injustificável. Afirmai, ao contrário, a amortização gradual dos castigos e das penas pela transmigração, e consagrareis com a razão única do sentimento, a unidade divina.

PAULO APÓSTOLO

CONTINUA AMANHÃ

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