terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO QUARTO

CAPÍTULO I

PERDAS DE PESSOAS AMADAS


UNIÕES ANTIPÁTICAS

Trecentésima Vigésima Sexta Parte

939 – VISTO QUE OS ESPÍRITOS SIMPÁTICOS SÃO LEVDOS A UNIR-SE, COMO SE DÁ QUE, ENTRE ELES OS ESPÍRITOS ENCARNARDOS, A AFEIÇÃO NÃO ESTEJA, FREQÜENTEMENTE, SENÃO DE UM LADO, E QUE O AMOR MAIS SINCERO SEJA RECEBIDO COM INDIFERENÇA E MESMO REPULSA? COMO, DE OUTRA PARTE A AFEIÇÃO MAIS VIVA DE DOIS SERES PODE MUDAR EM ANTIPATIA E, ALGUMAS VEZES, EM ÓDIO?

- Não compreendeis, pois, que é uma punição, mas que não é senão passageira. Aliás, quantos não há que crêem amar perdidamente, porque não julgam senão sobre as aparências, e quando são obrigados a viver com as pessoas, não tardam em reconhecer que isso não é senão uma admiração material. Não basta estar enamorado de uma pessoa que vos agrada e a quem creiais de belas qualidades; é vivendo realmente com ela que podereis apreciá-la. Quantas também não há dessas uniões que, no inicio, parecem não dever jamais ser simpáticas, e quando um e outro se conhecem bem e se estudam bem, acabam por se amar com um amor terno e durável, porque repousa sobre a estima! É preciso não esquecer que é o Espírito que ama e não o corpo; e, quando a ilusão material se dissipa, o Espírito vê a realidade.

- Há duas espécies de afeições: a do corpo e a da alma e, freqüentemente, se toma uma pela outra. A afeição da Alma, quando pura e simpática, é durável; a do corpo é perecível. Eis porque, freqüentemente, aqueles que crêem se amar , com um amor eterno, se odeiam quando a ilusão termina.

940 – A FALTA DE SIMPATIA ENTRE OS SERES DESTINADOS A VIVER JUNTOS, NÃO É IGUALMENTE UMA FONTE DE DESGOSTOS TANTO MAIS AMARGA QUANTO ENVENENA TODA A EXISTÊNCIA?

- Muito amarga, com efeito. Mas é uma dessas infelicidades das quais, freqüentemente, sois a primeira causa. Primeiro, são vossas leis que são erradas. Por que crês que DEUS te constrange a ficar com aqueles que te descontentam? Aliás,s nessas uniões, freqüentemente, procurais mais a satisfação do vosso orgulho e da vossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua; suportareis, nesse caso, a conseqüência dos vossos preconceitos.

- MAS, NESSE CASO, NÃO HÁ QUASE SEMPRE UMA VÍTIMA INOCENTE?

- Sim, e é para ela uma dura expiação; mas a responsabilidade de sua infelicidade recairá sobre aqueles que lhe foram a causa. Se a luz da verdade penetrou sua alma, ela terá sua consolação em sua fé no futuro. De resto, à medida que os preconceitos se enfraquecerem, as causas de suas infelicidades íntimas desaparecerão também.

(CONTINUA AMANHÃ)

Nenhum comentário: