domingo, 16 de janeiro de 2011

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO QUARTO

CAPÍTULO I

PERDAS DE PESSOAS AMADAS

FELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVAS


Trecentésima Vigésima Quarta Parte

934 – A PERDA DE PESSOAS QUE NOS SÃO QUERIDAS NÃO É UMA DAQUELAS QUE NOS CAUSAM UM DESGOSTO TANTO MAIS LEGITIMO POR SER IRREPARÁVEL E INDEPENDENTE DE NOSSA VONTADE?

- Essa causa de desgosto atinge tanto o rico como o pobre: é uma prova de expiação, e a lei comum. Mas é uma consolação poder comunicar-vos com vossos amigos pelos meios que tendes, esperando que, para isso, tenhais outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.

935 – QUEPENSAR DA OPINIÃO DAS PESSOAS QUE OLHAM AS COMUNICAÇÕES DE ALÉM-TÚMULO COMO UMA PROFANAÇÃO?

- Não pode haver nisso profanação quando há recolhimento, e quando a evocação é feita com respeito e decoro. O que o prova, é que os Espíritos que se vos afeiçoam vêm comprazer e são felizes com vossa lembrança e por conversarem convosco. Haveria profanação em fazê-lo com leviandade.

(A possibilidade de entrar em comunicação com os Espíritos é uma bem doce consolação, visto que ela nos proporciona o meio de conversar com nossos parentes e nossos amigos que deixaram a Terra antes de nós. Pela evocação, os aproximamos de nós, eles estão ao nosso lado, nos ouvem e nos respondem; não há, por assim dizer, mais separação ente eles e nós. Eles nos ajudam com seus conselhos, nos testemunham sua afeição e o contentamento que experimentam com nossa lembrança. É para nós uma satisfação sabê-los felizes, aprender por eles mesmos os detalhes de sua nova existência e adquirir a certeza de, por nossa vez, a eles nos reunir.)

936 – COMO AS DORES INCONSOLÁVEIS DOS SOBREVIVENTES AFETAM OS ESPÍRITOS A QUE SE DIRIGEM?

- O Espírito é sensível à lembrança e aos lamentos daqueles que amou, mas uma dor incessante e irracional o afeta penosamente, porque ele vê nessa dor excessiva uma falta de fé no futuro e de confiança em DEUS e, por conseguinte, um obstáculo ao progresso e, talvez, ao reencontro.

((O Espírito, estando mais feliz que sobre a Terra, lamentar-lhe a vida é lamentar que ele seja feliz. Dois amigos são prisioneiros e encerrados no mesmo cárcere; ambos devem ter um dia sua liberdade, mas um deles a obtém antes do outro. Seria caridoso, aquele que fica, estar descontente de que seu amigo seja libertado antes dele? Não haveria mais egoísmo que afeição de sua parte, em querer que partilhasse seu cativeiro e seus sofrimentos tanto tempo quanto ele? Ocorre o mesmo com dois seres que se amam sobre a Terra: aquele que parte primeiro, está livre primeiro, e devemos felicitá-lo por isso, esperando com paciência o momento em que o estaremos por nossa vez.)

(Faremos, sobre esse assunto, uma outra comparação. Tendes um amigo que, perto de vós, está numa situação muito penosa; sua saúde ou seu interesse exige que ele vá para um outro país,onde estará melhor sob todos os aspectos. Ele não estará mais perto de vós, momentaneamente, mas estareis sempre em correspondência com ele; a separação não será senão material. Estaríeis descontente com seu afastamento, visto que é para seu bem?)

(A Doutrina Espírita, pelas provas patentes que dá da vida futura, da presença em torno de nós, daqueles que amamos, da continuidade da sua afeição e da sua solicitude, pelas relações que nos faculta manter com eles, nos oferece uma suprema consolação numa das causas mais legítimas de dor. Com o Espiritismo, não há mais solidão, mais abandono, porquanto o homem mais isolado, tem sempre amigos perto de si, com os quais pode conversar.)

(Suportamos impacientemente as tribulações da vida e elas nos parecem tão intoleráveis que não compreendemos que as possamos suportar. Todavia, se as suportarmos com coragem, se houvermos imposto silêncio às nossas murmurações, nós nos felicitaremos quando estivermos fora dessa prisão terrestre, como o paciente que sofre se felicita, quando está curado, de ter se resignado a um tratamento doloroso.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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