quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO TERCEIRO

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X


X – LEI DE JUSTIÇA. DE AMOR E DE CARIDADE


JUSTIÇA E DIREITOS NATURAIS


Duzentéssima Noventésima Nona Parte

873 – O SENTIMENTO DE JUSTIÇA ESTÁ NA NATUREZA OU RESULTA DEIDÉIAS ADQUIRIDAS?

- Tanto está na Natureza, que vos revoltais ao pensamento de uma justiça. O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá: DEUS o colocou no coração do homem. Eis porque encontrareis, freqüentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça que entre os que têm muito saber.

874 – SE A JUSTIÇA É UMA LEI NATURAL, COMO OCORRE QUE OS HOMENS A ENTENDAM DE MANEIRAS TÃO DIFERENTES, E QUE UM ACHE JUSTO AQUILO QUE PARECE INJUSTO A OUTRO?

- É que, freqüentemente, ai misturam paixões que alteram esse sentimento, como a maioria dos outros sentimentos naturais, e fazem ver as coisas sob um falso ponto de vista.

875 – COMO SE PODE DEFINIR A JUSTIÇA?

- A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.

- O QUE DETERMINA ESSES DIREITOS?

- Duas coisas os determinam: a Lei humana e a Lei natural. Tendo o homem feito leis apropriadas aos seus costumes e ao seu caráter, essas Leis estabeleceram direitos que puderam variar com o progresso dos acontecimentos. Vede se vossas Leis de hoje, sem serem perfeitas, consagram os mesmos direitos da Idade Média. Esses direitos antiquados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito estabelecido pelos homens, portanto, não está sempre conforme a justiça. Aliás, ele não regula senão certas relações sociais, enquanto que, na vida particular, há uma imensidade de atos que são unicamente de alçada do tribunal da consciência.

(CONTINUA AMANHÃ)

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