terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO TERCEIRO

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X

IX – LEI DE LIBERDADE

RESUMO TEÓRICO DA MOTIVAÇÃO DAS AÇÕES DO HOMEM

Duzentéssima Noventésima Oitava Parte

Essa teoria da causa excitante de nossos atos ressalta evidentemente de todo ensinamento dado pelos Espíritos. Não somente ela é sublime em moralidade, mas acrescentaremos que revela o homem a si mesmo. Ela o mostra livre para sacudir um jugo obsessor, como é livre para fechar sua casa aos importunos. Ele não é mais uma máquina agindo por um impulso independente de sua vontade, é um ser racional que escuta, julga e escolhe livremente entre dois conselhos. Admitamos que, malgrado isso, o homem não está privado de sua iniciativa, não age menos por impulso próprio, visto que, em definitivo, ele não é senão um Espírito encarnado que conserva, sob o envoltório corporal, as qualidades e os defeitos que tinha com Espírito. As faltas que cometemos têm, pois, sua fonte primeira nas imperfeições de nosso próprio Espírito, que não atingiu ainda a superioridade moral que terá um dia, mas que nem pó isso tem diminuído o seu livre-arbítrio. A vida corporal lhe é dada para se livrar das suas imperfeições pelas provas que nela deve suportar, e são precisamente essas imperfeições que o tornam mais fraco e mais acessível às sugestões dos outros Espíritos imperfeitos, que nelas se aproveitam para o fazer sucumbir nas lutas que empreende. Se ele sai vencedor dessa luta, se eleva; se fracassa, permanece aquilo que foi, nem pior nem melhor. É uma prova para recomeçar, e pode durar muito tempo assim. Quanto mais ele se depura, mais essas fraquezas diminuem e menos se expõe àqueles que o solicitam para o mal. Sua força moral cresce em razão de sua elevação, e os maus Espíritos se afastam dele.

Todos os Espíritos, mais ou menos bons, quando encarnados, constituem a espécie humana, e como nossa Terra é um dos mundos menos avançados, aqui se encontram mais maus que bons Espíritos; por isso, aqui vemos tanta perversidade. Façamos, portanto, todos os esforços para aqui não retornar depois desta estada, e para merecer ir repousar num mundo melhor, num desses mundos privilegiados, onde o bem reina sem oposição, e onde não nos lembraremos de nossa passagem neste mundo, senão como de um tempo de exílio.

(CONTINUA AMANHÃ)

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