domingo, 19 de dezembro de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO TERCEIRO

AS LEIS MORAIS


CAPÍTULO X

IX – LEI DE LIBERDADE


RESUMO TEÓRICO DA MOTIVAÇÃO DAS AÇÕES DO HOMEM

Duzentéssima Noventésima Sexta Parte

A fatalidade, tal como é vulgarmente entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os acontecimentos da vida, qualquer que seja a importância. Se ela estivesse na ordem das coisas, o homem seria uma máquina sem vontade. Para que lhe serviria a sua inteligência, visto que seria invariavelmente dominado em todos os seus atos pela força do destino? Uma tal doutrina, se fosse verdadeira, seria a destruição de toda liberdade moral. Não haveria mais responsabilidade para o homem e, por conseguinte, nem bem, nem mal, nem crimes, nem virtudes. DEUS, soberanamente justo, não poderia castigar sua criatura por faltas que não dependeu dela cometer, nem a recompensar por virtudes das quais ela não teria o mérito. Semelhante lei seria, além do mais, a negação da lei do progresso, porque o homem que esperasse tudo da sorte não tentaria alguma coisa para melhorar sua posição, visto que não seria nem mais nem menos.

A fatalidade, entretanto, não é uma palavra vã. Ela existe na posição que o homem ocupa sobre a Terra e nas funções que ele ai cumpre por conseqüência do genro de existência que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre, fatalmente, todas as vicissitudes dessa existência, e todas as tendências boas ou más que a ela são inerentes. Mas a isso se reduz a fatalidade, porque depende de sua vontade ceder, ou não, a essas tendências. O detalhe dos acontecimentos está subordinado às circunstâncias que ele próprio provoca por seus atos, e sobre as quais podem influir os Espíritos pelos pensamentos que lhe sugerem.


A fatalidade, pois, está nos acontecimentos que se apresentam, visto que são a conseqüência da escolha da existência feita pelo Espírito. Ela pode não estar no resultado desses acontecimentos, posto que pode depender do homem modificar-lhes o curso pela sua prudência. Ela não está jamais nos atos da vida moral.


(CONTINUA AMANHÃ)

Nenhum comentário: