domingo, 21 de novembro de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

LIVRO TERCEIRO

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO VIII

VII – LEI DO PROGRESSO


POVOS DEGENERADOS


Duzentéssima Setuagésima Oitava Parte.


(A Humanidade progride pelos indivíduos que se aperfeiçoam, pouco a pouco, e se esclarecem. Então, quando estes se impõem pelo número, tomam a frente e arrastam os outros. De tempos em tempos surgem, entre eles, homens de gênio que dão um impulso, depois homens com autoridade, instrumentos de DEUS, que, em alguns anos, a fazem avançar alguns séculos. O progresso dos povos faz, ainda, ressaltar a justiça da reencarnação. Os homens de bem fazem louváveis esforços para fazer avançar uma nação moral e intelectualmente e, seja assim, a nação transformada será mais feliz, neste mundo como no outro. Mas durante a sua marcha lenta através dos séculos, milhares de indivíduos morrem a cada dia. Qual é a sorte de todos aqueles que sucumbem no trajeto? Sua inferioridade relativa os priva da felicidade reservada aos que chegam por último? Ou sua felicidade é relativa? A justiça divina não consagraria uma tal injustiça. Pela pluralidade das existências, o direito a felicidade é o mesmo para todos, porque ninguém será deserdado do progresso. Aqueles que viveram ao tempo da barbárie, podendo retornar ao tempo de civilização, no mesmo povo ou em um outro, resulta que todos aproveitam a marcha ascendente. Mas o sistema da unidade das existências apresenta aqui uma outra dificuldade. Por esse sistema, a alma é criada no momento do nascimento e, portanto, se um homem é mais avançado que um outro,é porque DEUS criou, para ele, uma alma mais avançada. Por que esse favor? Que mérito tem ele que não viveu mais que um outro, menos que um outro, freqüentemente, para estar dotado de uma alma superior? Mas isso não é a dificuldade principal. Uma nação passa, em mil anos, da barbárie a civilização. Se os homens vivessem mil anos, conceber-se-ia que nesse intervalo eles tivessem tempo de progredir; mas todos os dias eles morrem, em todas as idades, e se renovam sem cessar, de tal sorte que cada dia os vemos aparecerem e desaparecerem . Ao cabo de mil anos, não há mais traços dos antigos habitantes da nação que, de barbárie que era, tornou-se civilizada; o que progrediu? Os indivíduos outrora bárbaros? Mas eles estão mortos há muito tempo. Os recém-vindos? Mas se sua alma é criada no momento de seu nascimento, elas não existiam ao tempo da barbárie e é preciso, então, admitir-se que os esforços que se fez para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar as almas imperfeitas, mas de fazer DEUS criar almas mais perfeitas)

(Comparemos essa teoria do progresso com a dada pelos Espíritos. As almas chegadas ao tempo da civilização, têm sua infância como todas as outras, mas já viveram, e chegaram avançadas, devido a um progresso anterior. Elas vêm atraídas por um meio que lhes é simpático, e que está em conformidade com seu estado atual. De sorte que, as atenções dadas à civilização de um povo não têm por efeito fazer criar, para o futuro, almas mais perfeitas, mas atrair aqueles que já progrediram, seja aquelas que já viveram entre esse mesmo povo ao tempo da barbárie, seja as que vêm de outra parte. Aqui, ainda, está a chave do progresso da Humanidade inteira. Quando todos os povos estiverem no mesmo nível pelo sentimento do bem, a Terra não será ponto de encontro senão de bons Espíritos, que viverão entre si em união fraternal, e os maus, se encontrando repelidos e deslocados, irão procurar, nos mundos inferiores, o meio que lhes convém, até que sejam dignos de viverem ao nosso meio, transformados. A teoria vulgar tem, ainda, por conseqüência, que os trabalhos de aperfeiçoamento social não aproveitam senão às gerações presentes e futuras; é nulo para as gerações passadas, que cometeram o erro de vir muito cedo, e que se tornam o que podem, carregadas que estão de seus atos de barbárie. Segundo a Doutrina dos Espíritos, os progressos ulteriores aproveitam igualmente a essas gerações que viverem em condições melhores e podem, assim, se aperfeiçoar ao abrigo da civilização.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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