quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS


LIVRO TERCEIRO


AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO II


1 – LEI DE ADORAÇÃO

POLITEÍSMO

Duzentéssima Trigésima Parte.


667 – POR QUE O POLITEÍSMO É UMA DAS CRENÇAS MAIS ANTIGAS E MAIS DIVULGADAS, EMBORA FALSA?

- O pensamento de um DEUS único não poderia ser, no homem, senão o resultado do desenvolvimento de suas idéias, incapaz, em sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, deu-lhe os atributos da natureza corporal, quer dizer, uma forma e uma aparência e, desde então, tudo que lhe parecia ultrapassar as proporções da inteligência vulgar era para ele uma divindade. Tudo o que não compreendia. Devia ser obra de uma força sobrenatural, e daí a crença em tantas potências distintas, da qual via os efeitos, não havia senão um passo. Mas, em todos os tempos, houve homens esclarecidos que compreenderam a impossibilidade dessa multidão de poderes para governar o mundo sem uma direção superior, e se elevaram ao pensamento de um DEUS único.

668 – OS FENÔMENOS ESPÍRITAS, TENDO SE PRODUZIDOS EM TODOS OS TEMPOS E SENDO CONHECIDOS DESDE AS PRIMEIRAS IDADES DO MUNDO, NÃO FIZERAM CRER NAN PLURALIDADE DOS DEUSES?

- Sem dúvida, porque os homens chamando Deus tudo o que era sobre-humano, os Espíritos eram Deuses para eles e para isso que, quando um homem se distinguia entre todos os outros por suas ações, seu gênio ou por um poder oculto, incompreendido pelo vulgo, faziam-na um Deus e se rendia um culto depois de sua morte.

(A palavra deus, entre os Antigos, tinha uma acepção muito extensa. Não era, como em nossos dias, uma personificação do senhor da Natureza; era uma qualificação genérica dada a todo ser colocado fora das condições de humanidade. Ora, as manifestações espíritas revelando-lhes a existência de seres incorpóreos agindo como potências da Natureza, eles os chamavam DEUSES, como nós os chamamos ESPÍRITOS. É uma simples questão de palavras, com a diferença de que na sua ignorância, mantida de propósito por aqueles que nisso tinham interesse, eles lhes elevaram templos e altares muito lucrativos, enquanto que, para nós, eles são simples criaturas, como nós, mais ou menos perfeitas e despojadas do seu envoltório terrestre. Se estudamos os diversos atributos das divindades pagãs, reconhecem-se, sem dificuldade, todos os atributos dos nossos Espíritos, em todos os graus da escala espírita, seu estado físico nos mundos superiores, todas as propriedades do períspirito e o papel que eles desempenham nas coisas da Terra.)

(O Cristianismo, vindo a clarear o mundo com sua luz divina, não podia destruir uma coisa que está na Natureza, mas orientou a adoração para aquele a quem ela cabia. Quanto aos Espíritos, sua lembrança está perpetuada sob diversos nomes, segundo os povos e suas manifestações, que não cessaram jamais, foram diversamente interpretadas e, freqüentemente, exploradas sob o domínio do mistério. Enquanto que a religião aí viu fenômenos miraculosos, os incrédulos viram embustes. Hoje, graças a estudos mais sérios, feitos com mais luz, o Espiritismo, liberto de idéias supersticiosas que obscureceram através dos séculos, nos revela um dos maiores e mais sublimes princípios da Natureza.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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