terça-feira, 10 de agosto de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

CAPÍTULO IX

EMANCIPAÇÃO DA ALMA

Centésima Setuagésima Segunda Parte.

INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL

CONVULSIONÁRIOS


481 – OS ESPÍRITOS EXERCEM UM PAPEL NOS FENÔMENOS QUE SE PRODUZEM NOS INDIVÍDUOS DESIGNADOS SOB O NOME DE CONVULSIONÁRIOS:

- Sim, um papel muito grande, assim como o magnetismo, que lhe é a fonte primeira. Todavia, o charlatanismo, freqüentemente, tem explorado e exagerado esses efeitos, o que os tem feito cair no ridículo.

- DE QUE NATUREZA SÃO, EM GERAL, OS ESPÍRITOS QUE CONCORREM PARA ESSA ESPÉCIE DE FENÔMENOS?

- Pouco elevada. Credes que os Espíritos superiores divertem com semelhantes coisas?

482 – COMO O ESTADO ANORMAL DOS CONVULSIONÁRIOS E DOS QUE SOFREM CRISES PODE ACONTECER SUBITAMENTE EM TODA UMA POPULAÇÃO?

- Efeito simpático; as disposições morais se comunicam muito facilmente em certos casos. Não estais tão alheios aos efeitos magnéticos para não compreender isso e a parte que certos Espíritos devem nisso tomar por simpatia àqueles que os provocam.

(Entre as faculdades estranhas que se distinguem nos convulsionários, reconhecem-se sem dificuldade as que o sonambulismo e o magnetismo oferecem numerosos exemplos: tais são, entre outros, a insensibilidade física, o conhecimento do pensamento, a transmissão simpática das dores, etc. Não se pode, pois, duvidar que os que sofrem crises estejam em uma espécie de sonambulismo desperto, provocado pela influência que exercem uns sobre os outros. Eles são, ao mesmo tempo, magnetizadores, sem o saberem.)

483 – QUAL É A CAUSA DA INSENSIBILIDADE FÍSICA QUE SE NOTA, SEJA EM CERTOS CONVULSIONÁRIOS, SEJA EM OUTROS INDIVÍDUOS SUBMETIDOS ÀS TORTURAS MAIS ATROZES?

- Em alguns é um efeito exclusivamente magnético que age sobre o sistema nervoso, da mesma forma que certas substâncias. Em outros, a exaltação do pensamento enfraquece a sensibilidade, porque a vida parece retirar-se do corpo para se transportar para o Espírito. Não sabeis que quando o Espírito está fortemente preocupado com uma coisa, o corpo não sente, não vê e não ouve coisa alguma?

(A exaltação fanática e o entusiasmo oferecem, freqüentemente, nos suplícios, o exemplo de uma calma e de um sangue-frio que não triunfariam de uma dor aguda se não se admitisse que a sensibilidade se encontrasse neutralizada por uma espécie de efeito anestésico. Sabe-se que no calor do combate a pessoa não se apercebe, freqüentemente, de um ferimento grave, enquanto que, em circunstâncias ordinárias, uma arranhadura a faria estremecer.)

(Visto que esses fenômenos dependem de uma causa física e da ação de certos Espíritos, pode-se perguntar como ele pôde depender da autoridade para cessar em certos casos. A razão é simples. A ação dos Espíritos não é aqui senão secundária; eles não fazem mais que aproveitar uma disposição natural. A autoridade não suprimiu essa disposição, mas a causa que a entretinha e exaltava; de ativa passou a latente, e tinha razão de agir assim, porque resultava abuso e escândalo. Sabe-se, de resto, que essa intervenção nenhum poder tem quando a ação dos Espíritos é direta e espontânea.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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