sexta-feira, 30 de julho de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS


CAPÍTULO VIII

EMANCIPAÇÃO DA ALMA


Centésima Sexcentésima Primeira Parte.

RESUMO TEÓRICO DO SONAMBULISMO, DO ÊXTASE E DA SEGUNDA VISTA.

455 – Os fenômenos do sonambulismo natural se produzem espontaneamente e são independentes de toda causa exterior conhecida. Todavia, em certas pessoas dotadas de uma organização especial, eles podem ser provocados artificialmente pela ação de um agente magnético.

O estado designado sob o nome de sonambulismo magnético não difere do sonambulismo natural senão porque um é provocado, enquanto o outro é espontâneo.

O sonambulismo natural é um fato notório que ninguém sonha pôr em dúvida, malgrado a maravilha dos fenômenos que apresente. Que têm, pois, demais extraordinário, ou de mais irracional, o sonambulismo magnético por ser produzido artificialmente como tantas outras coisas? Os charlatões, diz-se, o têm explorado; razão a mais para não deixá-lo em suas mãos. Quando a ciência tiver se apropriado dele, o charlatanismo terá bem menos crédito sobre as massas. Todavia, até lá, como o sonambulismo natural ou artificial é um fato, e contra um fato não existe raciocínio possível, ele se propaga, malgrado a má vontade de alguns, e isso dentro da própria Ciência onde entra por uma multidão de pequenas portas, em lugar de passar por uma grande. Quando lá estiver em plenitude, será preciso conceder-lhe direito de cidadania.
Para o Espiritismo o sonambulismo é mais que um fenômeno psicológico, é uma luz derramada sobre a psicologia.

É aí que se pode estudar a alma porque ela se mostra a descoberto. Ora, um dos fenômenos pelos quais ela se caracteriza é a clarividência independente dos órgãos ordinários da vista. Os que contestam esse fato se apóiam em que o sonâmbulo não vê sempre, e à vontade do experimentador, como com os olhos. Seria de admirar que os meios sendo diferentes, os efeitos não sejam mais os mesmos? É racional exigir efeitos idênticos, quando o instrumento não existe mais? A alma tem suas propriedades como o olho tem as suas; é necessário julgá-las por elas mesmas e não por analogia.

(CONTINUA AMANHÃ)

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