quarta-feira, 30 de junho de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO VIi

VIDA ESPÍRITA

Centésima Trigésima Primeira Parte.

RETORNO À VIDA CORPORAL

INFLUÊNCIA DO ORGANISMO

370 – PODE-SE DEDUZIR, DA INFLUÊNCIA DOS ORGÃOS, UMA RELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DOS ORGÃOS CEREBRAIS E O DESENVOLVIMENTO DAS FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS?

- Não confundais o efeito com a causa. O Espírito tem sempre as faculdades que lhe são próprias; ora, não são os órgãos que dão as faculdades, mas as faculdades que conduzem ao desenvolvimento dos órgãos.

- ASSIM SENDO, A DIVERSIDADE DAS APTIDÕES DO HOMEM PROVÉM UNICAMENTO DO ESTADO DO ESPÍRITO?

- Unicamente não é toda a exatidão do fato; as qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos avançado, são o principio, mas é preciso ter em conta a influência da matéria que entrava, mais ou menos, o exercício dessas faculdades.

(O Espírito, se encarnado, traz certas predisposições, admitindo-se para cada uma, um órgão correspondente no cérebro, o desenvolvimento desses órgãos será um efeito e não uma causa. Se as faculdades se originassem nesses órgãos, o homem seria uma máquina sem livre arbítrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gênios, sábios, poetas, artistas, não são gênios senão porque o acaso lhes deu órgãos especiais, do qual se seguiria que, sem esses órgãos não poderiam ser gênios e que o último imbecil poderia ser um Newton, um Virgilio ou um Rafael, se estivesse provido de certos órgãos; suposição mais absurda ainda quando se a aplica às qualidades morais. Assim, segundo esse sistema, São Vicente de Paulo, dotado pela Natureza de tal ou tal órgão, poderia ter sido um celerado, e não faltaria, ao maior celerado, senão um órgão para ser São Vicente de Paulo. Admiti, ao contrário, que os órgãos especiais, se é que existam, são conseqüentes e se desenvolvem pelo exercício da faculdade, como os músculos pelo movimento e vós não tereis nada irracional. Façamos uma comparação trivial por ser verdadeira; por certos sinais fisionômicos, reconhecereis o homem dado à bebida; são esses sinais que o tornam um ébrio, ou a ebriedade que faz aparecer esses sinais? Pode-se dizer que os órgãos recebem o cunho das faculdades.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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