segunda-feira, 28 de junho de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO VII

VIDA ESPÍRITA

Centésima Vigésima Nona Parte.

RETORNO À VIDA CORPORAL

FACULDADES MORAIS E INTELECTUAIS

362 – QUAL O CARÁTER DOS INDIVIDUOS EM QUE SE ENCARNAM ESPÍRITOS TRAVESSOS E LEVIANOS?

- De indivíduos estouvados, espertalhões, e, algumas vezes, malfazejos.

363 – OS ESPÍRITOS TÊM PAIXÕES QUE NÃO PERTENCEM À HUMANIDADE?

- Não, de outro modo eles vo-las teriam comunicado.

364 – É O MESMO ESPÍRITO QUE DÁ AO HOMEM AS QUALIDADES MORAIS E AS DA INTELIGÊNCIA?

- Seguramente, é o mesmo, e isso em razão do grau que alcançou. Não tem o homem em si dois Espíritos.

365 – POR QUE HOMENS MUITO INTELIGENTES, QUE ENVIDENCIAM EM SI UM ESPÍRITO SUPERIOR, ALGUMAS VEZES, AO MESMO TEMPO, SÃO PROFUNDAMENTO VICIADOS?

- É que o Espírito encarnado não é tão puro, e o homem cede à influência de outros Espíritos piores. O Espírito progride através de uma insensível caminhada ascendente, mas o progresso não se realiza, simultaneamente, em todos os sentidos; em uma etapa ele pode avançar em ciência, em outra, em moralidade.

366 – QUE PENSAR DA OPINIÃO SEGUNDA A QUAL AS DIFERENTES INTELECTUAIS E MORAIS DO HOMEM SERIAM O PRODUTO DE DIFERENTES ESPÍRITOS ENCARNADOS NELE, E TENDO, CADA UM, UMA APTIDÃO ESPECIAL?

- Refletindo, reconhece-se que é absurda. O Espírito deve ter todas as aptidões; para poder progredir, lhe é necessária uma vontade única. Se o homem fosse amálgama de Espíritos, essa vontade não existiria e ele não teria individualidade, pois que, em sua morte, esses Espíritos seriam qual um bando de pássaros escapando de uma gaiola. O homem lamenta, freqüentemente, não compreender certas coisas e é curioso ver como multiplica as dificuldades, enquanto que tem sob a mão uma explicação muito si9mples e natural. Ainda aqui, toma o efeito pela causa; é fazer para o homem o que os pagãos fizeram para DEUS. Acreditavam em tantos deuses quantos são os fenômenos do Universo, mas, entre eles, as pessoas sensatas não viam nesses fenômenos senão efeitos tendo por causa um DEUS único.

(O mundo físico e o mundo moral nos oferecem, a esse respeito, numerosas comparações. Acredita-se na existência múltipla da matéria enquanto se esteve apegado à aparência dos fenômenos; hoje, compreende-se que esses fenômenos, conquanto variados, podem não ser senão modificações da matéria elementar única. As diversas faculdades são manifestações de uma mesma causa que é a alma, ou Espírito encarnado, e não de muitas almas, da mesma forma que os diferentes sons do órgão são o produto de uma mesma qualidade de ar e não de outras tantas espécies quantas sejam as do som. Resultaria desse sistema que quando um homem perde ou adquire certas aptidões, certas inclinações, isso seria pela ação de outros tantos Espíritos que vieram ou que se foram, fazendo dele um ser múltiplo, sem individualidade, e por conseqüência, sem responsabilidades. É outra contradição aos exemplos, tão numerosos, de manifestações através das quais os Espíritos provam sua personalidade e sua identidade.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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