quarta-feira, 2 de junho de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO VI

VIDA ESPÍRITA

Centésima Terceira Parte

ESCOLHA DAS PROVAS

(A Doutrina da liberdade na escolha de nossas existências e das provas que devemos suportar deixa de parecer extraordinária se considerar que os Espíritos desprendido da matéria apreciam as coisas de maneira diferente da mossa; entrevêem o fim, bem mais sério para eles que os prazeres fugidios do mundo. Depois de cada existência, avaliam o passo que deram e compreendem o que lhes falta ainda em pureza para alcançarem aquele fim.Eis porque eles se submetem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corporal pedindo, eles mesmos, as provas que lhes permitam chegar mais prontamente. Não há, pois, motivo de espanto do fato de o Espírito não dar preferência a uma existência mais suave. Essa vida, isenta de amargura, não pode gozá-la em seu estado de imperfeição; ele a entrevê e é para alcançá-la que procura se melhorar.)

(Não temos, aliás, todos os dias, sob nossos olhos, exemplos de escolhas semelhantes? Que faz o homem que trabalha uma parte da sua vida, sem trégua nem descanso, para reunir haveres que lhe garantam o bem estar, senão uma tarefa que se impôs tendo em vista um futuro melhor?)

(O militar que sofre por uma missão perigosa, o viajante q\ue não enfrenta menores perigos no interesse da Ciência ou da sua fortuna, não se submetem a provas voluntárias que devem lhes proporcionar honra e proveito, se forem bem sucedidos? A que o homem não se submete e não se expõe pelo seu interesse ou pela sua glória? Todos os concursos não são também provas voluntárias às quais os homens se submetem para se elevarem na carreira que escolheram? Não se chega a uma posição social de destaque nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando por uma série de posições inferiores que são outras tantas provas. A vida humana é uma cópia da vida espiritual onde encontramos, em pontos pequenos, todas as mesmas peripécias. Se pois, nesta vida escolhemos as provas mais rudes para alcançarmos um objetivo mais elevado, por que o Espírito, que vê mais longe que o corpo e para o qual a vida do corpo não é mais que um incidente fugido, não escolheria uma existência penosa e laboriosa, se ela deve conduzi-lo a uma felicidade eterna? Aqueles que dizem que, se o homem tem a escolha da sua existência pediria para ser príncipes ou milionários, são como míopes que só vêem o que tocam, ou como crianças gulosas às quais quando perguntamos a profissão que preferem, respondem, pasteleiros ou confeiteiros.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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