quarta-feira, 12 de maio de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

Octogésima Segunda Parte


Essas questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, porque os problemas psicológicos e morais que não encontram solução, senão na pluralidade das existências, são inumeráveis, limitando-nos aos mais gerais. Qualquer que ele seja, dir-se-á que a doutrina da reencarnação não é admitida pela igreja, pois, a subversão da religião.

Nosso objetivo não é tratar esta questão neste momento; é-nos suficiente o termos demonstrado que ela é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e racional, não pode ser contrário a uma religião que proclama DEUS a bondade e a razão por excelência. Que teria sido da religião se, contra a opinião universal e o testemunho da Ciência, ela se obstinasse contra a evidência, e rejeitasse do seu seio todos os que não acreditassem no movimento do Sol e nos seis dias da Criação? Que crédito houvera merecido, e que autoridade teria tido, entre povos esclarecidos, uma religião baseada em erros manifestos dados como artigos de fé? Quando a evidência se patenteou, a Igreja se colocou a seu lado. Se está provado que, sem a reencarnação, as coisas que existem são impossíveis , se certos pontos do dogma não podem ser explicados senão por este meio, é preciso admitir-se e reconhecer-se que o antagonismo desta doutrina e desses dogmas não é mais que aparente. Mais tarde mostraremos que a religião está menos distanciada do que se pensa, do movimento da Terra e dos períodos geológicos que, à primeira vista, parecem desmentir os textos sagrados. O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de várias passagens das Escrituras e se encontra notavelmente formulado, de maneira explicita no Evangelho.

“Quando desciam do monte (após a transfiguração), JESUS lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis do que acabais de ver, até que o Filho do homem seja ressuscitado de entre os mortos. Os seus discípulos então a interrogaram dizendo: Por que, pois, dizem os escribas que é preciso que Elias venha primeiro? Mas JESUS lhes respondeu:

Em verdade, Elias virá primeiro, e restabelecerá todas as coisas. Mas declaro-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe sofrer tudo o que quiseram.

Assim farão eles também morrer o filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista” (São Mateus, cap. XVII).

(CONTINUA AMANHÃ)

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