segunda-feira, 3 de maio de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO IV

PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

SEMELHANÇAS FÍSICAS E MORAIS

Setuagésimo Terceira Parte

216 = O HOMEM CONSERVA, EM SUAS NOVAS EXISTÊNCIAS, OS TRAÇOS DO CARÁTER MORAL DE SUAS EXISTÊNCIAS ANTERIORES?

- Sim, isso pode acontecer. Mas, em se melhorando, ele muda. Sua posição social pode, também, não ser a mesma; se de senhor passa a escravo, seus gostos serão diferentes e teríeis dificuldades em reconhecê-lo. Senão o mesmo Espírito nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma a outra, certas analogias modificadas, todavia, pelos costumes da sua nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente seu caráter. De orgulhoso e mau, pode tornar-se humilde e humano, se arrepender-se.

217 = O HOMEM, EM SUAS DIFERENTES ENCARNAÇÕES, CONSERVA OS TRAÇOS DO CARÁTER FÍSICO DAS EXISTÊNCIAS ANTERIORES?

- O novo corpo nenhuma relação tem com o antigo, que está destruído. Entretanto, o Espírito se reflete sobre o corpo. Sem dúvida, o corpo não é mais que matéria, mas, malgrado isso, ele é modelado pela capacidade do Espírito, que lhe imprime um certo caráter, principalmente sobre o rosto, e é com fundamento que se designam os olhos como espelho da alma, quer dizer que, o rosto, mais particularmente, reflete a alma. Por isso, uma pessoa excessivamente feia, quando nela habita um Espírito bom, criterioso e humano, tem alguma coisa que agrada, ao passo que existem rostos muito belos que nada fazem sentir e pelos quais se tem, mesmo, repulsa. Poderias crer que só os corpos bem feitos servem de envoltório aos Espíritos mais perfeitos, embora encontres todos os dias homens de bem sob aparências disformes? Sem haver uma semelhança pronunciada, a similitude de gostos e de pendores pode, pois, dar o que se chama “um ar de família”.

O corpo reveste a alma, numa nova encarnação, não tendo nenhuma relação necessária com o corpo que ela deixou, uma vez que pode ele ter tido uma procedência muito diferente, seria absurdo admitir-se uma sucessão de existências com uma semelhança física que não é senão fortuita. Entretanto, as qualidades do Espírito modificam, muitas vezes, os órgãos que servem à sua manifestação e imprimem sobre o rosto, e mesmo ao conjunto de maneiras, um cunho especial. É assim que, sob um envoltório mais humilde, podem-se encontrar expressões de grandeza e de dignidade, enquanto que sob o vestuário de um grande senhor vêem-se, às vezes, as expressões de baixeza e da ignomínia. Certas pessoas saídas das posições mais obscuras adquirem, sem esforços, os hábitos e as maneiras da alta sociedade. Parece que elas reencontram seu ambiente, ao passo que outras, malgrado o seu berço e a sua educação, estão sempre deslocados nesse meio. Como explicar esse fato senão como um reflexo do que foi o Espírito?

(CONTINUA AMANHÃ).

Nenhum comentário: