sábado, 17 de abril de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

CAPÍTULO III

RETORNO DA VIDA CÓRPOREA À VIDA ESPIRITUAL

PERTURBAÇÃO ESPÍRITA


QÜINQUAGÉSIMA SÉTIMA PARTE

(Essa perturbação apresenta circunstância particulares, segundo o caráter dos indivíduos e, sobretudo, de acordo com o gênero de morte. Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, ferimentos, etc., o Espírito é surpreendido, espanta-se, e não acredita que morreu e sustentas essa idéia com obstinação. Entretanto, vê seu corpo, sabe que esse corpo é seu e não compreende por que está separado dele; acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não compreende por que elas não o ouvem. Essa ilusão perdura até a inteira libertação do perispírito e, só então, o Espírito se reconhece e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou. Para ele a morte é ainda sinônimo de destruição, aniquilamento; ora, como ele pensa, vê e escuta, não se considera morto. Sua ilusão é alimentada pelo fasto de se ver com um corpo de forma semelhante ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar; ele o crê sólido e compacto como o primeiro e, quando chamam sua atenção PA\ra esse ponto, admira-se de não poder apalpá-lo. Esse fenômeno é análogo aos sonâmbulos iniciantes que não acreditam dormir. Para eles o sono é sinônimo de suspensão das faculdades; ora, como pensam e vêem, julgam que não dormem. Certos Espíritos apresentam essa particularidade, embora a morte não lhes tenha chegado inesperadamente, todavia, é sempre mais generalizada naqueles que, apesar de doentes, não pensam em morrer. Vê-se, então, o singular espetáculo de um Espírito assistindo aos próprios funerais, como se fora um estranho e deles falando como de uma coisa que não lhes dissesse respeito, até o momento em que compreende a verdade.)

(A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar tranqüilo. Para os que não têm a consciência pura, ela é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ela se reconhece.)

(Nos casos de morte coletiva, tem-se observado que todos os que perecem ao mesmo tempo, nem sempre se revêem imediatamente. Na perturbação que se segue à morte, cada um vai para o seu lado ou se preocupa apenas com aqueles que lhe interessam.)


(CONTINUA AMANHÃ)

Nenhum comentário: