domingo, 11 de abril de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS


LIVRO SEGUNDO

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO II

ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

MATERIALISMO


Qüinquagésima Primeira Parte

(O homem tem, instintivamente, a convicção de que tudo, para ele, não se acaba com a vida; tem horror ao nada e obstina-se, inutilmente, contra a idéia do futuro, quando chega o momento supremo, e são poucos os que não perguntam o que vai ser deles; porque a idéia de deixar a vida para não mais retornar, tem qualquer coisa de doloroso. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta, eterna, de tudo aquilo que amou? Quem poderia ver, sem pavor, abrir-se diante de si para abismo imenso do nada, aonde virão se dissipar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e se dizer: O que! Depois de mim nada, nada mais que o vazio; tudo acabado para sempre, ainda alguns dias e minha lembrança terá se apagado da memória daqueles que me sobreviveram e bem cedo não restará nenhum traço da minha passagem sobre a Terra. O bem que fiz será esquecido pelos ingratos a quem eu servi e nada para compensar tudo isto, nenhuma outra perspectiva que aquela do meu corpo roído pelos vermes!)

(Este quadro não tem alguma coisa de apavorante, de glacial! A religião nos ensina que não pode ser assim e a razão nos confirma, mas, esta existência futura, vaga e indefinida não tem nada que satisfaça o nosso amor pelo positivo, sendo para muitos a origem da dúvida. Temos uma alma, mas o que é a nossa alma? Ela tem uma forma, uma aparência qualquer? É um ser limitado ou indefinido? Alguns dizem que é um sopro de DEUS, outros que é uma centelha, outros, ainda, uma parte do grande Todo, o principio da vida e da inteligência, ma, de tudo isto, o que aprendemos? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde na imensidade, como as gotas d’água no oceano? A perda da individualidade não é para nós como o nada?)

(Diz-se que ela é imaterial, mais uma coisa imaterial não tem proporções definidas; e para nós representa nada, A religião nos ensina, também, que seremos felizes ou infelizes segundo o bem ou o mal que houvermos feito; mas em que consiste essa felicidade que nos espera no seio de DEUS? É uma beatitude, uma contemplação eterna sem outra finalidade que cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são realidade ou um símbolo? A própria Igreja o entende como um símbolo, mas quais são esses sofrimentos? Onde está o lugar de suplício? Numa palavra, o que se faz, o que se vê nesse mundo que nos espera a todos? Diz-se que ninguém voltou para nos prestar contas. É um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente de nos esclarecer sobre esse futuro, de nos fazer, até certo ponto, atingi-lo com o dedo e com o olhar, não mais pela razão, mas pelos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um entende à sua vontade, que os poetas embelezam suas ficções ou semeiam imagens alegóricas que nos enganam, e a realidade que se nos apresenta, pois são os próprios seres do outro mundo que vêm nos descrever sua situação, dizer-nos o que foram, que nos permitem assistir, por assim dizer, a todas as peripécias de sua nova vida e, por esse meio, mostrando-nos o destino inevitável que nos está reservado, segundo os nossos méritos e os nossos deméritos. Há nisto algo de anti-religioso? Bem ao contrário, uma vez que os incrédulos aí encontram a fé e os indecisos uma renovação de fervor e de confiança. O Espiritismo é, pois, o mais poderoso auxiliar da religião. Uma vez que é assim, é porque DEUS o permite, e ele o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos reconduzir ao caminho do bem, pela perspectiva do futuro.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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