domingo, 4 de abril de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO I

DOS ESPÍRITOS

ANJOS OU DEMÔNIOS

Quadragésima Quarta Parte

(Não temos visto a forma de o texto bíblico ser contraditada pela Ciência no que se refere à Criação e ao movimento da Terra? Não pode ocorrer o mesmo com certas figuras empregadas pelo CRISTO, que devia falar de acordo com os tempos e lugares? O CRISTO não poderia dizer, conscientemente, uma coisa falsa. Assim, pois, se em suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, e porque não as compreendemos ou as interpretamos mal.)

(Os homens fizeram com os demônios o que fizeram com os anjos; da mesma forma que acreditaram em seres perfeitos de toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. Pela palavra demônio devem, pois, se entender os Espíritos impuros que, freqüentemente, não valem mais do que as entidades designadas por esse nome, mas, com a diferença de que seu estado é transitório. São os Espíritos imperfeitos que murmuram contra as provas que devem suportar, e que, por isso, suportam-nas por mais tempo; chegarão, porém, por seu turno, a sair desse estado, quando o quiserem. Poder-se-ia aceitar então a palavra demônio com esta restrição. Mas como é entendida num sentido exclusivo, poderia induzir ao erro fazendo crer na existência de seres especiais, criados paras o mal.)
(com relação a Satanás, é evidentemente a personificação do mal sob uma forma alegórica, pois não se poderia admitir um ser mau a lutar, de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios. Precisando o homem de figuras e de imagens para impressionar a sua imaginação, ele pintou os seres incorpóreos sob uma forma material, com atributos lembrando as suas qualidades ou os seus defeitos. È assim que os antigos, querendo personificar o tempo, pintaram-no com a figura de um ancião portando uma foice e uma ampulheta; a figura de um homem jovem seria um contra-senso.)

(A mesma coisa se verifica com as alegorias da fortuna, da verdade, etc.
Modernamente, os anjos ou Espíritos puros são representados por uma figura radiosa, com assas brancas, símbolo da pureza; Satanás, com dois chifres, garras e os atributos da animalidade, emblemas das paixões inferiores. O vulgo que toma as coisas pela letra viu nesses emblemas um individuo real, como outrora vira Saturno na alegoria do Tempo.)

(CONTINUA AMANHÃ)

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