domingo, 21 de março de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO SEGUNDO

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO I

DOS ESPÍRITOS

ESCALA ESPÍRITA

Trigésima Parte

100 – OBSERVAÇÕES PRELIMINARES: A classificação dos Espíritos baseia-se sobre o grau de seu adiantamento, sobre as qualidades que adquiriram e sobre as imperfeições das quais devem ainda se despojar. Esta classificação, de resto, nada tem de absoluta; cada categoria não apresenta um caráter nítido senão no seu conjunto.

Todavia, de um grau a outro a transição é insensível e sobre seus limites a pequena diferença se apaga como nos reinos da Natureza, como nas cores do arco-íris, ou ainda como diferentes períodos da vida do homem. Pode-se, pois, formar maior ou menor número de classes, segundo o ponto de vista sobre o qual se considera a questão. Ocorre o mesmo que em todos os sistemas de classificação cientificas: esses sistemas podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a inteligência, mas, quaisquer que sejam, não mudam em nada as bases da Ciência. Os Espíritos interrogados sobre essa questão podem, pois, ter divergido sobre o número de categorias, sem que isso tenha conseqüências. Alguns se armaram dessa contradição aparente, sem refletirem que os Espíritos não ligam nenhuma importância ao que é puramente convencional. Para eles o pensamento é tudo. Deixam para nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra, os sistemas.
Acrescentamos ainda esta consideração que não se deve jamais perder de vista: é que entre os Espíritos, do mesmo modo que entre os homens, há os muito ignorantes, não sendo demais colocar-se em guarda contra a tendência a crer que todos devem tudo saber porque são Espíritos. Toda classificação exige método, análise e conhecimento profundo do assunto. Ora, no mundo dos Espíritos, aqueles que têm conhecimentos limitados são, como neste mundo, os ignorantes, os inaptos a abranger um conjunto, a formular um sistema. Não conhecem ou não compreendem, senão imperfeitamente, uma classificação qualquer; para eles todos os Espíritos que lhes são superiores são da primeira ordem, sem que possam apreciar as diferenças de saber, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como entre nós um homem rude em relação aos homens civilizados. Aqueles mesmos que estão aptos podem variar nos detalhes segundo seu ponto de vista, sobretudo quando uma divisão não tem nada de absoluta. Lineu, Jussieu e Toumefort tiveram, cada um, seu método, e a Botânica não mudou por isso; é que não inventaram as plantas, nem seus caracteres, mas observaram as analogias com as quais depois formaram os grupos ou classes. Foi assim, também, que procedemos; não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos, julgando-os pelas suas palavras e atos, e depois os classificamos pelas semelhanças, baseados em dados que eles próprios nos forneceram.

(CONTINUA AMANHÃ)

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