quinta-feira, 4 de março de 2010

O LIVRO DOS ESPIRITOS

LIVRO PRIMEIRO

AS CAUSAS PRIMEIRAS

CAPÍTULO TERCEIRO

CRIAÇÃO


Décima sétima Parte

PLURALIDADE DOS MUNDOS

CONSIDERAÇÕES E CONCORDÂNCIAS BÍBLICAS REFERENTES À CRIAÇÃO.

A Ciência, escavando os arquivos da Terra, reconheceu a ordem pela qual os diferentes seres vivos aparecem em sua superfície, e esta ordem está de acordo com aquela indicada na Gênese, com a diferença de que esta obra, ao invés de sair milagrosamente das mãos de DEUS, em algumas horas, se realizou sempre pela sua vontade, mas segundo a lei das forças da Natureza, em alguns milhões de anos. DEUS ficou, por isso, menor ou menos poderoso? Sua obra ficou menos sublime por não ter o prestígio da instantaneidade?

Não, evidentemente, seria preciso fazer-se da divindade uma idéia bem mesquinha para não se reconhecer a sua onipotência nas leis eternas que estabeleceu para reger os mundos. A Ciência, longe de diminuir a obra divina, no-la mostra sob um aspecto mais grandioso e mais conforme as noções que temos do poder e da majestade de DEUS, pela razão mesma de se cumprir sem derrogar as leis da Natureza.

A Ciência, de acordo nisso com Moisés, coloco o homem em último lugar na ordem de criação dos seres vivos. Todavia, Moisés indica o dilúvio universal no ano 1654 do mundo, enquanto a Geologia nos mostra o grande cataclismo anterior a aparição do homem, atendendo que, até hoje, não se encontrou nas camadas primitivas qualquer traço de sua presença, nem de animais da mesma categoria sob o ponto de vista físico. Mas nada prova que isso seja impossível. Várias descobertas já fizeram surgir dúvidas a tal respeito. Pode ocorre que, de um momento para outro, se adquiria a certeza material dessa anterioridade da raça humana, e então se reconhecerá que, sob esse ponto, como sobre os outros, o texto bíblico é uma alegoria.

A questão é saber se o cataclismo geológico é o mesmo a que assistiu Noé. Ora, o tempo necessário à formação das camadas fósseis não permite mais confundi-los e do momento em que se encontrem os vestígios da existência do homem antes da grande catástrofe, ficará provado, ou que Adão não foi o primeiro homem, ou quer a sua criação se perde na noite dos tempos. Contra a evidência não há raciocínios possíveis, ou seria preciso aceitar esse fato como se aceitou aquele do movimento da Terra e dos seis períodos da Criação.

A existência do homem antes do dilúvio geológico, em verdade, é ainda hipotética, mas, eis aqui o que o é menos.

(CONTINUA AMANHÃ)

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