domingo, 7 de fevereiro de 2010

O BOM HUMOR DE KARDEC

Aparentemente austero e sisudo nos registros fotográficos, a personalidade do codificador do Espiritismo era alegre e bem-humorada segundo a descrição de seus amigos. A falsa imagem tem um culpado: o rudimentar processo fotográfico da época.

Por Noel Amaral Sineddi

Terceira Parte


DAGUERREÓTIPO


Somente em 1839 o inventor e pintor Jacques Mandé Daguerre criou um processo viável para se tirar uma foto. Ele utilizava sais de prata numa chapa metálica. O processo, chamado daguerreótipo, havia diminuído bastante o tempo de exposição. Era possível registrar a imagem de pessoas, mas o tempo ainda era longo: intermináveis três minutos de total imobilidade. O Fotografo orientava as pessoas a manter uma posição cômoda, com os braços apoiados e uma expressão totalmente relaxada do rosto, pois um leve movimento borraria a imagem. Ou seja, sorrir era impossível! Quer ter uma idéia? Mantenha o sorriso natural durante três minutos marcados no relógio. Não há quem agüente.

Para garantir a imobilidade de seus clientes, os fotógrafos daquela época utilizavam até um instrumento regulável que sustentava o pescoço e o braço, numa pose típica dessas antigas fotografias. Com o tempo, algumas descobertas aperfeiçoaram o processo fotográfico. As chapas de cobre foram substituídas pelas de vidro com uma substancia chamada colódio (dissolução de algodão-pólvora em mistura de álcool e éter), permitindo que se obtivessem cópias das fotografias, que até então eram únicas. Durante vinte anos, entre 1850 e 1870, o colódio em vidro foi o principal processo utilizado pelos fotógrafos de todo mundo. Os registros de Allan Kardec foram feitos exatamente nessa época.

Esses são os motivos de Allan Kardec aparecer sem sorriso, numa pose engessada, e até com um ar de cansaço de quem está ali extático, por três torturantes minutos.

Todas as fotografias daquele tempo eram assim. NO entanto, é possível imaginar Kardec, depois dessa sofrida sessão fotográfica, levantar, massagear o pescoço, esticar as pernas... e dar uma boa risada!

(continua amanhã)

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