sábado, 6 de fevereiro de 2010

O BOM HUMOR DE KARDEC

Aparentemente austero e sisudo nos registros fotográficos, a personalidade do codificador do Espiritismo era alegre e bem-humorada segundo a descrição de seus amigos. A falsa imagem tem um culpado: o rudimentar processo fotográfico da época.

Por Noel Amaral Sineddi

Segunda Parte


IGUALDADE DE TRATAMENTO

Outra particularidade de Kardec é que ele tratava com alegria e esclarecimento os generais, nobres e cientistas que o procuravam e, da mesma forma, os camponeses, operários e demais pessoas simples. Kardec representava assim a principal força da Doutrina Espírita, de que ela fala à consciência de todos, independente de classe ou posição. Num trecho da Revista Espírita, Kardec explicou: “O Espiritismo toca o coração: ai está o seu maior segredo, e há um coração no peito do proletário, como no de um grande senhor; o grande como o pequeno, tem suas dores, suas amarguras, suas feridas morais para as quais pede um bálsamo e consolações que um e outro encontram na certeza do futuro, porque um e outro são iguais diante da dor e diante da morte, que fere o rico como o pobre”.

Pensando bem, quem estuda o Espiritismo com profundidade não poderia ter outra postura senão alegria e bom humor. Essa Doutrina anuncia um mundo melhor, vê a morte não como um terrível julgamento – que poderia acabar num inferno de sofrimentos eternos, em meio a enxofre, chamas e tridentes – ou com uma visão materialista – onde a vida após a morte seria o fim de tudo, um nada frio e sem sentido. Enxerga, sim, a vida futura, como cheia de felicidade, beleza e alegria. Isso com muito trabalho, esclarecimento e dedicação aos Espíritos sofredores, para que eles compartilhem dessa visão. O Espiritismo é uma boa noticia, e esse tipo de anúncio se faz com entusiasmo, alegria e, claro, bom humor.

Mas voltando a fotografia de Kardec, é inegável a expressão séria, o ar circunspecto, a postura engessada. Para explicar essa contradição precisamos lembrar o processo fotográfico utilizado naqueles tempos, século 19.

Quando foi inventada a fotografia, o processo era rudimentar e necessitava de nada menos que 30 minutos de exposição! Fotografar pessoas era praticamente impossível.

Imagina ficar absolutamente imóvel por tanto tempo.

(continua amanha)

Nenhum comentário: