quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

FRAGMENTOS

“Muitos companheiros dedicam-se ao trabalho de divulgação da Doutrina Espírita em caráter de urgência, irradiando seus esforços por toda à parte com o fito de alcançar um maior número de pessoas, por meio de diferentes veículos – volantes, jornais, revistas, estações de rádio e televisão, e pela rede mundial de computadores (Internet), para não falar em viagens, seminários, congressos. Não há que reprovar, pois todos os esforços são meritórios, desenvolvidos que sejam com a seriedade que o próprio objeto requer. Não podemos deixar, entretanto, de considerar a necessidade de que a divulgação seja feita com garantia de legitimidade, isto é, que se divulgue o que seja realmente doutrinário.

Quando se trata de ampla divulgação, é recomendável ater-se ao que é básico, às idéias fundamentais da Doutrina, deixando à parte os detalhes para estudos específicos entre aqueles que já estejam mais enfronhados com seus alicerces.

Na divulgação com vistas ao grande público, os meios utilizados nem sempre permitem fácil contestação. Certos veículos se apresentam com muita potencialidade como o rádio e a televisão não se tornam fáceis de administrar e, por isso, requerem mais cuidado na sua utilização. Uma idéia, uma palavra mal colocada, um gesto, podem ao invés de ajudar, desfazer o esforço do apresentador e colocar a perder um trabalho, por mais bem elaborado que tenha sido. É preciso ter muito cuidado, porque a rapidez da informação não permite volta, nem apreciações mais meticulosas; as impressões agravam-se rapidamente, e uma palavra insegura, uma noção errônea, podem acarretar uma impressão desabonadora.

Utilização da informática vai possibilitando uma comunicação mais rápida. A esta vantagem deve-se aliar maior cuidado, porque a intimidade que oferece o computador pode conduzir a certos descuidos prejudiciais. O correio eletrônico possibilitou a reprodução rápida dos comunicados que são espalhados por toda parte, sem que alguém lembre o sigilo postal, isto é, que a correspondência só pode ser publicada com a aquiescência do remetente. O privado torna-se público e pode causar danos. Ainda devemos considerar que a rede de computadores facilita a criação de revistas e jornais eletrônicos, com barateamento da produção, e pode ocorrer que pessoas, dominando a técnica, mas não a Doutrina, no afã de incorporarem-se ao trabalho de divulgação, acabe por prejudicá-la, ao invés de difundi-la.

São essas apenas observações gerais. Há de atentar-se, porém, para o conhecimento do divulgador. Um mal maior é causado quando se esquece que a divulgação proposta em veículos de grande circulação é da Doutrina, e não de idéias particulares, ainda que acertadas.
Alguns se escudam nesta ou naquela frase do Codificador, esquecidos de outras tantas lições que esclareceriam seu pensamento. No estudo de soluções para o movimento espírita. Devemos sempre perguntar o que Kardec faria hoje, que solução apresentaria na atualidade, como se conduziria no século atual? De modo algum consideraria infalíveis suas palavras, embora as sustentasse com muita coragem, mantendo-se aberto a todas as expressões da ciência, da filosofia, da religião e da arte para um diálogo aberto com o Espiritismo. Divulgar a Doutrina, portanto, no final de um século e no alvorecer de outro, exige responsabilidade para que não se deforme”

(Trecho do texto psicodigitado em 9 de dezembro de 1999, retirado do capítulo 5, paginas 39,40,41 e 42 de Convite à Reflexão)

(UNIVERSO ESPÍRITA)

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