UMA ABORDAGEM INTEGRÁL

CODIFICAÇÃO ESPÍRITA: UMA ANÁLISE GERAL DO CONTEXTO HISTÓRICO, DA METODOLOGIA UTILIZADA E DE SUA PROPOSTA UNIVERSALISTA.

Por Victor Rebelo

Quarta Parte

O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias, a fim de melhor resolvê-las.

O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-me, pouco a pouco, como que por degraus, até o conhecimento dos mais compostos e presumindo até mesmo uma ordem entre aqueles que não se precedem naturalmente uns aos outros.

E o último, o de elaborar em toda a parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir”.

Estas são as bases não apenas da metodologia utilizada por Kardec, mas do próprio paradigma da Ciência moderna. E Descartes, assim como Kardec, começa seu tratado filosófico a partir das idéias de DEUS e da alma, quando afirma “Penso, logo existo!”.

ENTÃO KARDEC UTILIZOU UM MÉTODO PROPOSTO POR DESCARTES PARA DESENVOLVER A CODIFICAÇÃO?

Isso! Neste sentido Kardec foi pioneiro, pois fez a ponte entre a Ciência experimental e a Religião, codificando uma Doutrina que ele chamou de espiritismo, cujos ensinamentos podem ser encontrados em todas as grandes religiões e tradições espiritualistas, com algumas variações, é claro, mas essencialmente são os mesmos ensinamentos.

ISTO SIGNIFICA QUE, MESMO SE CONSIDERARMOS O ESPIRITISMO COMO SENDO UMA DOUTRINA CODIFICADA POR KARDEC, PODEMOS ESTUDAR OUTRAS RELIGIÕES,POIS MUITOS ENSINAMENTOS COINCIDEM?

Não só podemos como devemos estudar outras doutrinas, pois elas se completam. Kardec não abordou tudo em sua época. Ele nem poderia, pois as pessoas não estavam preparadas. Mas quando estudamos outras doutrinas espiritualistas, muitas questões que ficaram em aberto nas obras básicas podem ser compreendidas. Por isso, Kardec, ao sugerir um catálogo racional de obras para se fundar uma biblioteca espírita, sugere algumas obras orientais, como o Alcorão e o Baghavard Gita, pois ele sabia que os Espíritos sempre orientaram a humanidade, inspirando os espiritualistas de boa vontade.

(continua amanhã)