domingo, 13 de dezembro de 2009

O ESPIRITISMO É ECLÉTICO ?

O ESPIRITISMO É ECLÉTICO?

Por Jader Sampaio

Segunda Parte


A terceira parte é dedicada ao debate sobre os cultos materiais. Deolindo inicia discutindo as semelhanças e diferenças entre o Espiritismo e Positivismo de Augusto Comte (1798-1857). Mostra também que, apesar de alguns pontos de contato o Espiritismo difere bastante do Catolicismo e passa a dissertar sobre os pontos comuns e diferentes entre o Espiritismo e a Umbanda. Deolindo evidência a ausência do culto ritual, sacerdotes e símbolos no Espiritismo, a diferença de nomenclatura entre ambos e a existência de um corpo da Doutrina Espírita, em comparação à tradição oral da Umbanda.

A quarta e última parte discute um questão polêmica. Quem se pode chamar de espírita? Deolindo, coerente com a argumentação até então desenvolvida, considera espírita “quem aceita a Doutrina integralmente, quem concorda com os seus princípios, que se submete às normas morais que decorrem desses princípios”. Ele entende que a mera participação nas atividades de um Centro Espírita, como em reuniões mediúnicas, sem o conhecimento da Doutrina Espírita, não é suficiente para se considerar a pessoa como espírita. O autor faz um resgate amplo dos argumentos de Kardec para sustentar sua afirmação. Menciona a conduta esperada pela diretoria da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Kardec, de seus associados, bem como os critérios que utilizava para distinguir os simpatizantes dos membros.Debate as teses de leitores da obra espírita que pretenderam considerar espíritas todos aqueles que acreditavam nas manifestações dos Espíritos. E mostra, com fundamentação, que estes apenas apontaram partes de Kardec, as quais lidas separadamente do conjunto da obra lhes subsidiavam as conclusões apressadas.
Passados 50 anos da publicação dessa obra, o tema continua contemporâneo, embora algumas das polêmicas tenham tomado outro rumo. Hoje muitos antropólogos defendem a existência de sincretismo entre o “ESPIRITISMO BRASILEIRO” e o Catolicismo, abandonando a linha de estudos que aproximou o Espiritismo dos cultos afro-brasileiros.

Com ampla divulgação na mídia, os espíritas se tornaram socialmente aceitos pela população brasileira e, uma nova onda de sincretismos e de ecletismos tem sido objeto de debates nas sociedades espíritas. Nesse novo cenário, recordar a argumentação de um trabalho tão lúcido sobre a identidade do Espiritismo é fundamental para as decisões que se impõem sobre a nova geração de Espíritas Brasileiros.

(continua amanhã)

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