sábado, 12 de dezembro de 2009

O ESPIRITISMO É ECLÉTICO ?

Por Jader Sampaio

Primeira Parte

Deolindo Amorim, jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro, foi convidado pelo então presidente da Federação Espírita do Estado do Paraná, João Ghignone e pelo diretor do Jornal Mundo Espírita, Francisco Raitani, a escrever um livro que distinguisse o espiritismo das diversas manifestações doutrinárias do Espiritualismo, baseado nos artigos e entrevistas de rádio que fez, entre fevereiro e maio de 1957.

À época, os cientistas sociais confundiam o espiritismo com os cultos afro-brasileiros, tomando por foco as práticas mediúnicas. Alem disso, membros do movimento espírita desenvolveram práticas sincréticas entre o Espiritismo e algumas doutrinas espiritualistas, tomando a reencarnação como ponto comum.

Deolindo, um autor com bagagem de conhecimentos acadêmicos, fundador do atual Instituto de Cultura Espírita do Brasil, escreve um texto simples e claro, mostrando na primeira parte, semelhanças e diferenças entre o Espiritismo e outros corpos doutrinários espiritualistas como o Espiritualismo Moderno, a Fraternidade Rosacruz, a Cabala e a Teosofia.

Ele se posiciona abertamente contra o ecletismo – “escolha do que parece melhor entre várias doutrinas, métodos e estilos”. E afirma, “É melhor discernir do que confundir, pois é discernindo que se põe ordem nas idéias para procurar a verdade”.

Na segunda parte ele discute a interpretação espírita do Evangelho. Combate duas abordagem que denomina de intelectualismo inoculo (a mera discussão histórica dos evangelhos, voltada apenas à demonstração de erudição) e o evangelismo improdutivo (a consideração do Evangelho como um “principio de fé” a ser interpretado literalmente). Deolindo destaca uma frase de efeito para mostrar como seria a exegese espírita dos Evangelhos: “É o Espiritismo que interpreta o Evangelho, não o Evangelho que interpreta o Espiritismo”. O autor valoriza como Kardec, a ética cristã, como proposta mais importante para a modificação do homem. Ele desenvolve uma tese que defende a adaptação entre a moral cristã e a ética espírita.

(continua amanhã)’’

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