sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ESPIRITISMO NO BRASIL

24ª - Parte

BEZERRA DE MENEZES

SUAS OBRAS


E não encontrava onde assentar minha cabeça, porque o ensino de JESUS que uma força intrínseca e uma disposição psíquica me levaram a procurar, como o nauta perdido na vastidão dos mares procura o Norte me era oferecido sob um aspecto impossível de acomodar-se com um sentimento íntimo, instrutivo, exato, que me desse a razão e a consciência de ali estar a verdade; mas a verdade não é aquilo. Ah! A Igreja Romana!

A Igreja Romana! O Cristianismo nunca terá tão formidável inimigo! O materialismo nunca terá aliado tão prestimoso! Eu já disse como, antes de aceitar o Espiritismo, vivi a fugir de toda a crença religiosa, por não poder aceitar uma que impõe à fé, por decreto de seus ministros, e a ser arrastado para essa mesma crença, que não podia aceitar, como se mão amiga me arrastasse para o cascalho, dentro do qual estava incrustado o brilhante.

Eu já disse como me abracei com o cascalho para não rolar no abismo da descrença, e como aquela mão me impeliu para ele, quebrou-o a meus olhos, e me fez perante o brilhante nele contido. Minha alma encontrou finalmente onde pousar.

Posso dizer o meu “credo” espírita, com aplauso de minha consciência e não por força de uma autoridade que se arroga o direito de impor a fé! Nestas condições, tendo encontrado a linfa que me saciou a sede de crer, posso ser mais o que era antes? A moral cristã, iluminada pelos inefáveis princípios do Espiritismo, não pode deixar de modificar, para melhor, a quem cultiva não somente por dever, mas também e principalmente por nela ter encontrado a paz do Espírito! Não sou, por minha fraqueza, o que ela deve fazer do coração humano; não posso julgar, nem incorrer em orgulho ou falsa modéstia; mas posso assegurar que já compreendo os meus deveres para com DEUS, para com os meus semelhantes, de um modo diverso, acentuadamente mais elevado, que antes de ser Espírita. Julgo, pois, que me é lícito dizer que as novas opiniões acarretaram para mim sensível modificação moral! E, para confirmá-lo basta consignar este fato antes de ser Espírita, só pensar em perder um filho, fazia-me mentalmente blasfemar, punha-me louco. Depois de Espírita, tenho perdido quatro filhos adorados, e depois de criados, louvando e agradecendo ao PAI de amor ter provado, por aquele modo, minha obediência a seus sacrossantos decretos (mantida a grafia da época da publicação)

(continua amanhã)

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