quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO

ESPIRITISMO NO BRASIL

Décima Sétima Parte

BEZERRA DE MENEZES

SUAS OBRAS


Aos 19 anos, e naquela disposição de espírito, deixei a casa paterna, para vir fazer meus estudos na capital do Império, onde vivi, mesmo no tempo de estudante, sobre mim, sem ter a quem prestar obediência. Continuei na crença e práticas religiosas que eu trouxe do berço, mas, na convivência com os moços, meus colegas, em sua maior parte livrem pensadores, ateus, comecei batendo-me com eles e acabei concordando com eles, parecendo-me excelso não ter a gente que prestar conta de seus atos.

Não foi difícil esta mudança, pela razão de não ser firmada em fé raciocinada a minha crença católica; mas, apesar disto, a mudança não foi radical, porque nunca pude banir de toda a crença em DEUS e na alma. Houve em mim uma perturbação, de que nasceu a dúvida. Fiquei mais céptico do que cristão e cristão somente por aqueles dois pontos.

Em todo o caso deixei de ser católico e via os meus dois pontos luminosos por entre as nuvens.

Casei com uma moça católica, a quem de coração e sempre respeitei suas crenças, guardando nos seios de minha alma a descrença. No fim de quatro anos, fui subitamente batido pelo tufão da maior adversidade que me podia sobrevir: minha mulher me foi roubada pela morte, em vinte horas, deixando-me dois filhinhos, um de três anos e outro de um. Aquele fato produziu-me um abalo físico e moral, de prostrar-me.

As glórias mundanas, que havia conquistado mais por ela que por mim, tornaram-se me aborrecidas, senão odiosas, e, delas, coisas da terra, eu não via nada, nada encontrei que me fosse de lenitivo a tamanha dor. Sempre gostei de escrever, mas inutilmente tentava fazê-lo, porque, no fim de poucas linhas, tédio mortal se apoderava de mim.

(continua amanhã)

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