sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ESPIRITISMO NO BRASIL

Décima Nona Parte

BEZERRA DE MENEZES

SUAS OBRAS


Embarquei com o livro, e, não tendo distração para a longa e fastidiosa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto; e, depois, é ridículo confessar-me ignorante de uma filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ela, como acontecera com a Bíblia. Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para o meu Espírito e, entretanto, tudo aquilo era novo para mim! Dava-se em mim o que acontece muitas vezes a quem muito lê, e que um dia encontra uma obra onde se lhe deparam idéias, que já leu, mas não sabe em que autor.

Eu já tinha lido e ouvido tudo o que se acha em “O Livro dos Espíritos”, mas eu tinha a certeza de nunca haver lido obra alguma Espírita, e, portanto, me era impossível descobrir onde e quando me fora dado o conhecimento de semelhantes idéias!
Preocupei-me seriamente com este fato que me era maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era Espírita inconsciente, ou, como se diz vulgarmente, de nascença, e que todas essas vacilações que meu Espírito sentia eram marchas e contramarchas que ele fazia, por descobrir o que lhe era conhecido e, porventura, obrigado a isto. Eis o que fui e em que crença vivi, até que me tornei Espírita.

Apesar de convencido da verdade do Espiritismo, eu nunca tinha assistido, nem tentado assistir a qualquer trabalho experimental, confirmativo sequer da comunicação dos Espíritos.

Tendo sido atacado de dispepsia, que me reduziu a um estado desesperador, sem que me tivesse proporcionado o menor alívio a medicina oficial, apesar de eu ter recorrido aos mais notáveis médicos desta capital, resolvi, depois de um sofrimento de cinco anos, recorrer a um médium receitista, em quem muito se falava, o Senhor João Gonçalves do Nascimento.

(continua amanhã)

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