quarta-feira, 29 de julho de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO

CAPÍTULO PRIMEIRO

PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA

TERCEIRO DIÁLOGO – O PADRE


Décima Quarta Parte.

O PADRE – A Igreja, com efeito, reconhece hoje que o inferno material é uma figura; mas isso não exclui a existência dos demônios; sem eles, como explicar a influência do mal que não pode vir de DEUS?

A.K. – O Espiritismo não admite os demônios no sentido vulgar da palavra, mas admite os maus Espíritos que não valem melhor e que fazem igualmente o mal, suscitando maus pensamentos; somente ele diz que esses são seres a parte, criados para o mal e perpetuamente devotados ao mal, espécie de párias da criação e carrascos do gênero humano; são seres atrasados, ainda imperfeitos, mas aos quais DEUS reserva o futuro, isso está de acordo com a Igreja Católica grega que admite a conversão de Satã, alusão ao melhoramento dos maus Espíritos. Anotai ainda que a palavra demônio não implica a idéia de maus Espíritos senão pela acepção moderna que lhe foi dada, porque a palavra grega daímôn significa gênio, inteligência. Ora, admitir a comunicação dos maus Espíritos é reconhecer, em princípio, a realidade das manifestações. É preciso saber se só eles se comunicam, como o afirma a Igreja para motivar a proibição que faz de comunicar-se com os Espíritos. Invocamos aqui o raciocínio e os fatos. Se Espíritos, quais quer que sejam se comunicam, não é senão com a permissão de DEUS; compreender-se-ia que ele permitisse apenas aos maus? Como?

Enquanto que deixaria a estes toda a liberdade de vir enganar os homens, interditaria aos bons de vir contrabalançar, neutralizar suas perniciosas doutrinas?

Crer que seja assim não seria colocarem dúvida seu poder e sua bondade e fazer de Satã um rival da Divindade? A Bíblia, o Evangelho, os Pais da Igreja, reconhecem perfeitamente a possibilidade de comunicação com o mundo invisível, e desse mundo os bons não estão excluídos; por que, pois, o seriam hoje? Aliás, a Igreja admitindo a autenticidade de certas aparições e comunicações de santos, exclui por isso mesmo a idéia de que não se pode ter relações senão com os maus Espíritos. Seguramente, quando as comunicações não encerram senão coisas boas, como a pregação da moral evangélica mais pura e mais sublime, a abnegação, o desinteresse e o amor ao próximo; quando ai se combate o mal, com qualquer coloração que se apresente, é racional crer-se que o Espírito maligno vem assim realizar seu trabalho?

(continua amanhã)

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