sábado, 18 de julho de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO


CAPÍTULO PRIMEIRO

PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA

TERCEIRO DIÁLOGO- O PADRE

Quarta Parte

A.K. – Concordo com isso; mas esses membros poucos esclarecidos são os príncipes da Igreja? Vede a pastoral do bispo de Argel e de alguns outros. Não foi um bispo que ordenou o auto-de-fé de Barcelona? A superior autoridade eclesiástica não tem o poder sobre os seus subordinados? Se, pois, ela tolera sermões indignos no púlpito evangélico, se favorece a publicação de escritos injuriosos e difamadores contra uma classe de cidadãos, se não se opõe às perseguições exercidas em nome da religião, é porque ela os aprova.

Em resumo, a Igreja, repelindo sistematicamente os espíritas que voltavam para ela, forçou-os a retrocederem; pela natureza e violência de seus ataques, ela alargou a discussão e a conduziu para um terreno novo. O Espiritismo não era senão uma simples doutrina filosófica e foi ela mesma que o engrandeceu apresentando-o como um inimigo terrível; enfim, foi ela que o proclamou como uma nova religião. Foi uma imperícia, mas a paixão não raciocina.

Um livre pensador – Tendes proclamado, a toda hora, a liberdade de pensamento e de consciência, e declarado que toda crença sincera é respeitável. O materialismo é uma crença como qualquer outra; por que não gozaria ele da liberdade que concedeis a todas as outras?

A.K. – Cada um é, seguramente, livre para crer no que lhe agrada, ou para não crer em nada, e não desculparíamos mais uma perseguição contra aquele que crê no nada depois da morte, que contra um cismático de uma religião qualquer. Combatendo o materialismo, nós atacamos, não os indivíduos, mas uma doutrina que, se é inofensiva para a sociedade quando se encerra no foro íntimo da consciência de pessoas esclarecidas, é uma calamidade social, se ela se generaliza.

(continua amanhã)

Nenhum comentário: