quarta-feira, 15 de julho de 2009


CAPÍTULO PRIMEIRO

PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA

TERCEIRO DIÁLOGO – O PADRE

Primeira Parte


Um Abade – Permiti-me, senhor, dirigir-vos, a meu turno, algumas questões?


A.K. – De bom grado, senhor, mas, antes de responder-vos, creio ser útil fazer-vos conhecer o terreno sobre o qual tenciono me colocar convosco.
Primeiramente, devo declarar-vos que não procurarei, de nenhum modo, converter-vos à nossas idéias. Se desejais conhecê-las detalhadamente, as encontrareis nos livros onde elas estão expostas. Lá podereis estudá-las com vagar e estareis livre para aceitá-las ou rejeitá-las.

O Espiritismo tem por objetivo combater a incredulidade e suas funestas conseqüências, dando provas patentes da existência da alma e da vida futura. Ele se dirige, pois, àqueles que não crêem em nada, ou que duvidam, e o número deles é grande, como o sabeis. Aqueles que têm fé religiosa, e aos quais essa fé basta, dele não tem necessidade; àquele que diz: “eu crio na autoridade da Igreja, e me atento ao que ela ensina, sem nada procurar além dela”, o Espiritismo responde que ela não se impõe a ninguém e não vem forçar nenhuma convicção.

A liberdade de consciência é uma conseqüência da liberdade de pensar, que é um dos atributos do homem; O Espiritismo estaria em contradição com seus princípios de caridade e de tolerância, se ele não a respeitasse. Aos seus olhos, toda crença, quando sincera e não conduz o seu próximo ao erro, é respeitável, mesmo que ela fosse errônea. Se alguém tiver sua consciência empenhada em crer, por exemplo, que é o Sol que gira, nós lhe diremos: crede que isso vos satisfaz, porque não impedirá a Terra de girar; mas, da mesma forma que não procuramos violentar vossa consciência, não procurai violentar a dos outros. Se de uma crença, inocente em si mesma, fazeis um instrumento de perseguição, ela torna-se nociva e pode ser combatida.

(continua amanhã)

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