terça-feira, 23 de junho de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO

CAPÍTULO PRIMEIRO

PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA

SEGUNDO DIÁLOGO – O CÉPTICO

OS MÉDIUNS INTERESSEIROS

Sexta Parte

Coloco de lado todo pensamento de fraude e de mistificação e suponho a mais completa lealdade. Para que um médium profissional pudesse oferecer toda segurança às pessoas que viessem a consultá-lo, seria preciso que ele possuísse uma faculdade permanente e universal, quer dizer, que pudesse se comunicar facilmente com todos os Espíritos e a qualquer momento, para estar constantemente à disposição do público, como um médico, e satisfazer a todas as evocações que lhe fossem pedidas. Ora, isso não ocorre com nenhum médium, não mais nos desinteressados que nos outros, e isso por causas independentes da vontade do Espírito, mas que não posso desenvolver aqui porque não vos estou dando um curso de Espiritismo. Eu me limitarei a dizer que as afinidades fluídicas, que são o próprio principio das faculdades mediúnicas, são individuais e não gerais, e que podem existir do médium para tal Espírito e não a tal outro; que sem essas afinidades, cujas nuances são muito diversificadas, as comunicações são incompletas, falsas ou impossíveis; que, o mais freqüentemente, a assimilação fluídica entre o Espírito e o médium não se estabelece senão com o tempo, é que não ocorre, uma vez em dez, que ela seja completa desde a primeira vez. Como verdes, senhor, a mediunidade está subordinada a leis, de alguma sorte orgânicas, às quais todo médium está sujeito.

Ora, não se pode negar que isso não seja um escolho para a mediunidade profissional, uma vez que a possibilidade e a exatidão das comunicações prendem-se a causas independentes do médium e do Espírito (ver adiante, cap. II, parágrafo Dos Médiuns)

Se, pois, repetimos a exploração da mediunidade, não é nem por capricho nem por espírito de sistema, mas porque os próprios princípios que regem as comunicações com o mundo invisível se opõem à regularidade e à precisão necessárias para aquele que se coloca à disposição do público, e que o desejo de satisfazer a uma clientela pagante conduz ao abuso. Disso não concluo que todos os médiuns interesseiros são charlatães, mas digo que o interesse de ganho conduz ao charlatanismo e autoriza a suposição de fraude se não a justifica. Aquele que quer se convencer deve, antes de tudo, procurar os elementos da sinceridade.
(continua amanhã)

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