quarta-feira, 3 de junho de 2009

O QUE É O ESPIRITISMO
CAPÍTULO PRIMEIRO
PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA
SEGUNDO DIÁLOGO – O CÉPTICO
Décima Nona Parte
FALSAS EXPLICAÇÕES DOS FENÔMENOS
VISITANTE – Não se poderia admitir, segundo a opinião de alguns, que o médium está em um estado de crise e goze de uma lucidez que lhe dá uma percepção sonambúlica, uma espécie de dupla vista, o que explicaria a extensão momentânea das faculdades intelectuais? Por que, diz-se, as comunicações obtidas pelo médium não ultrapassam a importância daqueles que se obtém pelos sonâmbulos?
A.K. – é isso, ainda, um desses sistemas que não suporta um exame aprofundado. O médium não está em crise, nem em sono, mas perfeitamente desperto, agindo e pensando como todo o mundo, sem nada ter de extraordinário. Certos efeitos particulares puderam dar lugar a esse equívoco. Mas, qualquer um que não se limite a julgar as coisas por um único aspecto, reconhecerá, sem esforço, que o médium é dotado de uma faculdade particular que não permite confundi-lo com o sonâmbulo, é a completa independência do seu pensamento é provado por fatos da máxima evidência. Abstração feita das comunicações escritas, qual é o sonâmbulo que fez brotar um pensamento de um corpo inerte? Que produziu aparições visíveis e mesmo tangíveis? Que pode manter um corpo pesado no espaço sem ponto de apoio? Foi por um efeito sonambúlico que um médium desenhou, um dia, para mim, em presença de vinte testemunhas, o retrato de uma jovem que morreu dezoito meses antes e que jamais havia conhecido, retrato reconhecido pelo pai presente a sessão? É por um efeito sonambúlico que uma mesa responde com precisão às questões propostas, mesmo mentalmente? Seguramente, se se admite que o médium esteja em um estado magnético, me parece difícil crer-se que a mesa seja sonâmbula.
Diz-se, ainda, que os médiuns não falam claramente senão as coisas conhecidas. Como explicar o fato seguinte e cem os outros do mesmo gênero? Um de meus amigos, muito bom médium escrevente, perguntou a um Espírito se uma pessoa, que ele havia perdido de vista há quinze anos, estava ainda neste mundo. “sim, ela vive ainda, respondeu-lhe; ela mora em Paris, à rua, número tal” Ele vai e encontra a pessoa no endereço indicado. É isso ilusão? Seu pensamento poderia tanto menos sugerir-lhe essa resposta, pois, em razão da idade da pessoa, havia toda possibilidade de que ela não existisse mais. Se, em certos casos, viram-se respostas concordarem com o pensamento, é racional concluir daí que isso seja uma lei geral? Nisso, como em todas as coisas, os julgamentos precipitados são sempre perigosos, porque podem estar enfraquecidos pela não observação dos fatos.
(continua amanhã)

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